Após uma noite de pânico e confusão, a polícia austríaca procura nesta terça-feira (3) ao menos um suspeito dos tiroteios coordenados executados em Viena, Áustria, que mataram quatro pessoas e que foram classificados como um "repugnante ataque terrorista" pelo chanceler Sebastian Kurz.
Um dos criminosos, armado com um fuzil e um falso cinturão de explosivos, foi morto pela polícia. Ele era um "simpatizante" do grupo jihadista Estado Islâmico (EI), segundo os indícios apreendidos em sua casa, de acordo com o governo.
— Há indícios claros de que é uma pessoa radicalizada e uma pessoa que se sente próxima ao EI — afirmou o ministro do Interior, Karl Nehammer.
Viena foi totalmente isolada para encontrar outros possíveis envolvidos com o atentado. A polícia e as autoridades não sabem com certeza se os atos foram executados por apenas uma pessoa, já que os tiroteios aconteceram em seis lugares diferentes. De acordo com Nehammer, "ao menos um suspeito está foragido".
Nesta terça, o ministério do Interior informou a morte de uma quarta pessoa, que não resistiu aos ferimentos. Dois homens e duas mulheres morreram nos tiroteios. Quinze pessoas estão hospitalizadas, sete delas em estado grave.
Os primeiros tiros foram ouvidos no fim da tarde de segunda-feira (2), perto de uma grande sinagoga, que estava fechada, e da Ópera, em pleno centro de Viena. O tiroteio aconteceu um pouco antes da entrada em vigor do novo confinamento decretado para frear a pandemia de covid-19.
Repugnante
Testemunhas afirmaram que observaram um homem atirar "como um louco" com uma arma automática. Uma pessoa disse que viu "alguém correndo com uma arma automática" e outra citou "pelo menos 50 disparos".
Nos restaurantes e bares do centro de Viena, clientes, aterrorizados e em choque, receberam ordens para permanecer dentro dos estabelecimentos, com as luzes apagadas, enquanto as sirenes das ambulâncias dominavam as ruas. As forças de segurança blindaram o centro da capital, enquanto os espectadores que compareceram à última apresentação na Ópera antes do confinamento deixavam o local escoltados.
"Permaneçam em casa! Se vocês estão fora, procurem refúgio em algum lugar, afastem-se dos locais públicos, não utilizem os transportes", escreveu a polícia no Twitter.
O chanceler Sebastian Kurz chamou os tiroteios de "repugnante ataque terrorista".
"Nunca seremos intimidados pelo terrorismo e combateremos estes ataques por todos os meios", afirmou no Twitter.
A polícia e o exército foram mobilizados nos edifícios mais importantes da capital e as aulas foram suspensas nesta terça. O atentado provocou uma onda de condenação e solidariedade com a Áustria.
O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, afirmou que os "ataques do mal contra pessoas inocentes devem acabar".
"Estados Unidos estão com a Áustria, França e toda Europa na lucha contra o terrorismo, incluindo os terroristas islamitas radicais", completou no Twitter.
Clima tenso na Europa
A presidente da Comissão Europeia, Ursula von der Leyen, escreveu no Twitter que a "Europa é totalmente solidária com a Áustria. Somos mais fortes que o ódio e o terror".
A chanceler alemã, Angela Merkel, afirmou que o "terrorismo islamita é nosso inimigo comum" e que a luta contra ele também é "nosso combate comum". A Alemanha reforçou os controles na fronteira com a Áustria.
O atentado em uma cidade com nível de criminalidade muito reduzido acontece em um momento de tensão na Europa. Na França, três pessoas foram assassinadas na quinta-feira (29) em um ataque com faca na basílica de Nice por um jovem tunisiano que acabara de chegar ao continente.
Poucos dias antes, um professor, Samuel Paty, foi decapitado perto da escola em que trabalhava nas proximidades de Paris, depois de mostrar caricaturas de Maomé durante uma aula sobre liberdade de expressão, um crime que chocou a França e boa parte do mundo.
A Áustria permaneceu relativamente à margem dos atentados islamitas que afetaram a Europa nos últimos anos. Em março de 2018, um jovem, simpatizante islamita segundo a polícia, atacou um membro das forças de segurança diante da embaixada do Irã em Viena antes de ser morto.
Em junho de 2017, um jovem nascido na Tunísia matou um casal de idosos em Linz porque desejava denunciar que se sentia discriminado por ser estrangeiro e muçulmano.