Dez líderes da oposição armênia foram detidos nesta quinta-feira (12) por suposto envolvimento em manifestações violentas contra a assinatura pela Armênia de um acordo que consagra a vitória do Azerbaijão na região separatista de Nagorno-Karabakh.
De acordo com o texto, após seis semanas de guerra por esta região separatista e os distritos próximos, o Azerbaijão conserva os territórios reconquistados, que estavam sob controle armênio desde o início dos anos 1990. Uma "traição" para os opositores do primeiro-ministro Nikol Pashinyan.
Quase 2.000 soldados de manutenção da paz russos serão mobilizados para assegurar a aplicação do acordo e a sobrevivência da república de Nagorno-Karabakh.
Entre os detidos nesta quinta-feira em Yerevan estão dirigentes do partido Armênia Próspera, Gaguik Tsarukyan, e representantes da Federação Revolucionária Armênia, do Partido Republicano e do Partido da Pátria.
Eles são acusados de "organização ilegal de distúrbios de massa violentos", um crime que pode ser punido com 10 anos de prisão, de acordo com o serviço de investigação da Procuradoria.
Na madrugada de terça-feira, as sedes do governo e do Parlamento foram invadidas e parcialmente saqueadas por centenas de manifestantes.
Na quarta-feira aconteceu uma manifestação, que não provocou distúrbios graves, e nesta quinta-feira está programado outro protesto, apesar da proibição de reuniões por uma lei marcial imposta no fim de setembro.
As detenções aconteceram depois que expirou o ultimato (meia-noite local, 17H00 de Brasília de quarta-feira) apresentado pela oposição para a renúncia do primeiro-ministro Pashinyan, algo rejeitado pelo governo, que defende sua decisão.
Pashinyan alega que assinou o acordo "doloroso" a pedido do exército e de líderes separatistas. Ele argumenta que, apesar das perdas de territórios, o texto permite a sobrevivência de grande parde de Nagorno-Karabakh.
Em caso contrário, o Azerbaijão, país mais risco, com mais armas e apoiado pela Turquia, teria reconquistado a totalidade da província, o que provocaria ainda mais mortes, argumentou.
Pashinyan também acusou o protesto de ser liderado por uma oligarquia corrupta do antigo regime, destituído em 2018 por uma revolução popular que o levou ao poder.
Antes do conflito atual e da pandemia do coronavírus, Pashinyan era elogiado por ter conseguido estimular a economia com reformas e sua luta contra a corrupção.
No âmbito regional, o acordo de cessar-fogo assinado com a mediação do presidente russo Vladimir Putin permite à Rússia consolidar a sua posição no Cáucaso Sul, reforçando a dependência da Arménia e enviando pela primeira vez tropas ao território azerbaijano.
A Turquia, grande apoio de Baku, também ganhou influência e observará a aplicação da trégua, embora os limites de sua ação ainda não tenham sido definidos.
* AFP