Dez pessoas foram detidas na França, nas últimas horas, depois que um professor foi decapitado na sexta-feira (16), na periferia de Paris, após exibir charges do profeta Maomé a seus alunos. Rapidamente rotulado como um "ataque islâmico", por parte das autoridades, o crime chocou a França.
Entre os detidos estão quatro parentes — os pais, o irmão menor e o avô — do autor do ataque, identificado como Abdoullakh Abouyezidvitch e morto pela polícia após o crime. Ele vivia em Evreux e não era aluno do professor morto. Russo de origem chechena, ele nasceu em 2002 em Moscou e gozava da condição de refugiado. A polícia afirma que ele não tinha antecedentes criminais nem aparecia como suspeito de estar associado a radicais.
Outras seis pessoas próximas a Abouyezidvitch também foram presas na sexta-feira. Entre eles está o pai de um aluno do instituto onde trabalhava o professor, com quem ele discutiu depois de mostrar os desenhos em sala de aula. Já a companheira do pai do aluno, segundo o jornal Le Monde, foi presa neste sábado.
O ataque
Samuel Paty, um professor de história e geografia de 47 anos, motivado e próximo de seus alunos, segundo aqueles que o conheciam, foi decapitado no meio da rua, na tarde de sexta-feira, próximo à escola onde trabalhava, em Conflans-Sainte-Honorine, uma pequena cidade de 35 mil habitantes localizada a 30 quilômetros de Paris.
Imediatamente após o ataque, a polícia tentou deter na área um homem armado com uma faca, que os ameaçou. Os policiais reagiram e abriram fogo, matando o agressor. A Procuradoria Nacional Antiterrorista abriu uma investigação por "assassinato vinculado a uma empreitada terrorista" e "associação criminosa terrorista".
O presidente Emmanuel Macron foi imediatamente ao local do assassinato e convocou "toda nação" a se unir em torno dos professores para "protegê-los e defendê-los".
— Não passarão. O obscurantismo e a violência que o acompanha não vão ganhar — frisou o presidente.
Na manhã deste sábado, várias rosas foram depositadas na entrada do centro educacional onde o professor trabalhava. Diversas associações e sindicatos já convocaram comícios para domingo às 15h em Paris e outras cidades. Na próxima quarta-feira, uma homenagem nacional será prestada a este professor, anunciou o Palácio do Eliseu.