Mais de 100.000 pessoas se manifestaram neste domingo (25) na capital de Belarus contra o presidente Alexander Lukashenko, no último dia de um ultimato estabelecido pela oposição para que renuncie. Em caso contrário, convocarão uma greve geral.
Belarus é palco de protestos sem precedentes contra a reeleição considerada fraudulenta em 9 de agosto de Lukashenko, que se mantém no poder desde 1994 à frente de um modelo que muitos descrevem como inspirado no sistema soviético.
Desde então, o movimento opositor sofre uma constante pressão das autoridades, que levou à prisão ou ao exílio no exterior de todas as suas principais figuras.
Vídeos filmados por pedestres e divulgados pela imprensa local mostram neste domingo comboios policiais em direção ao centro da cidade.
As forças de segurança lançaram bombas de dispersão e realizaram várias prisões, segundo os canais do Telegram da oposição, nos quais foram publicadas imagens de pânico dos manifestantes que fugim da linha de frente da marcha.
Mais de cem pessoas haviam sido presas durante a tarde, segundo a ONG defensora dos direito humanos Vesna.
Como nas manifestações anteriores, as estações de metrô do centro foram fechadas, para evitar que as pessoas se reúnam. A internet móvel também foi limitada.
A principal figura da oposição bielorrussa, Svetlana Tikhanovskaya, atualmente exilada na Lituânia, lançou neste mês um ultimato a Lukashenko, dando-lhe até este domingo para que renuncie, sob a ameaça de convocar uma gigantesca manifestação e uma greve geral.
- Pedido de eleições -
Neste ultimato marcado para este 25 de outubro, Svetlana Tikhanovskaya pede o fim das repressões policiais e a libertação de todos os "presos políticos".
A oposição afirma que as eleições foram fraudulentas e Tikhanovskaya reivindica a vitória e pede novas eleições.
Tikhanovskaya tem o apoio total da UE e de líderes como a alemã Angela Merkel e o francês Emmanuel Macron, embora devido a esses apoios a Rússia - aliada de Belarus - e o executivo de Lukashenko denunciem um complô ocidental.
A rede Telegram NEXTA Live, que coordena os protestos em parte, fez um apelo a seus dois milhões de seguidores para que se reunissem neste domingo às 08h00 (Brasília) no centro de Minsk neste "último dia do ultimato do povo".
NEXTA, que tem sua base na Polônia, foi colocada nesta semana pela Justiça bielorrussa na lista de fontes "extremistas".
Após uma dura repressão nos dias posteriores às eleições, as autoridades ameaçaram neste mês disparar com balas reais para dispersar os manifestantes, caso "seja necessário".
Desde as eleições, todos os domingos dezenas de milhares de bielorrussos tomam as ruas da capital Minsk e outras cidades do interior, apesar das ameaças das autoridades.
Esses protestos deixaram, desde então, ao menos três mortos e dezenas de feridos.
Na quinta-feira, o Parlamento Europeu concedeu o Prêmio Sájarov de Direitos Humanos à "oposição democrática" contra o presidente Alexander Lukashenko.
Com o apoio da Rússia, Lukashenko descarta qualquer concessão importante, prometendo uma vaga reforma constitucional para sair da crise e uma simulação de diálogo com os opositores presos.
Neste sábado, o chefe da diplomacia dos Estados Unidos, Mike Pompeo, conversou por telefone com Alexander Lukashenko, para pedir a libertação e saída do país de um conselheiro político americano.
* AFP