Milhares de pessoas manifestaram-se na Itália, principalmente no Norte e no Sul, contra as restrições anunciadas no domingo (25) para conter a disseminação do coronavírus no país — que registrou, na segunda-feira (26), um recorde de 21.273 novos casos de covid-19. O protestos terminaram em confrontos com a polícia e detidos em várias cidades, entre elas Milão, capital da rica região da Lombardia, onde é maior o número de contágios.
De acordo com as medidas anunciadas pelo primeiro-ministro italiano, Giuseppe Conte, desde segunda, restaurantes e bares deveriam fechar após as 18 horas. As academias, piscinas e cinemas tiveram de suspender as atividades.
As restrições acentuaram o mal-estar no país, que este ano deve enfrentar sua pior recessão desde a Segunda Guerra Mundial. Com as medidas, a Itália impõe uma quarta rodada de restrições neste mês e a mais severa delas desde que o país suspendeu o lockdown nacional em maio. O país tinha 1.208 pacientes com a covid-19 internados em UTI no domingo — mais do que em 9 de março, quando Conte anunciou o confinamento.
— Estes são dias difíceis. A curva de contágio está crescendo no mundo. Em toda a Europa a onda é muito alta. Devemos reagir imediatamente e com determinação se quisermos evitar números insustentáveis — disse o ministro da Saúde, Roberto Speranza.
Por causa do aumento de casos na Europa, o Ministério das Relações Exteriores da Itália pediu a seus cidadãos que não viajem ao Exterior, "exceto por razões estritamente necessárias".
Na madrugada de sábado (24) para domingo, manifestantes de extrema direita protestaram contra o toque de recolher e enfrentaram forças de segurança no centro histórico de Roma. Os manifestantes esperaram até um minuto antes da meia-noite para lançar fogos de artifício com as cores da bandeira italiana contra a polícia. Sete foram detidos, e dois policiais ficaram feridos. Na segunda, também houve protestos em Turim, Nápoles, Catânia e Verona.
A Europa pareceu vencer as taxas de infecção em setembro. Mas, com a reabertura das economias e o clima mais frio empurrando as pessoas para dentro de casa, vários países estão relatando um aumento no número de casos que está superando os recordes registrados no auge da pandemia.
A França anunciou no domingo mais de 50 mil novas infecções, mais um recorde pelo quarto dia consecutivo. No domingo, o país registrou 26.771 novos casos e 258 mortes pela doença em 24 horas, o pior número desde abril.
Na Polônia, o número de casos de coronavírus dobrou em menos de três semanas. A Alemanha, muito elogiada por sua resposta inicial à pandemia, viu os novos casos saltarem de 2.503, em 1º de outubro, para 11.176 no domingo.
— A pandemia está se espalhando rapidamente de novo, ainda mais rápido do que no início — alertou a chanceler alemã, Angela Merkel, em seu podcast semanal.