As forças separatistas armênias de Nagorno Karabakh e o exército do Azerbaijão intensificaram neste domingo, no oitavo dia de combates, os disparos de artilharia, em particular em Stepanakert, a capital separatista, e em Ganja, a segunda maior cidade do Azerbaijão.
Os dois lados insistiram nas declarações bélicas, ignorando os apelos por uma trégua da maior parte da comunidade internacional e com uma troca de acusações sobre a responsabilidade do conflito.
Desde sexta-feira, Stepanakert, a principal cidade de Nagorno Karabakh, é alvo de ataques que obrigam a população a procurar abrigos. A cidade ficou sem energia elétrica neste domingo, mas ao meio-dia o serviço foi restabelecido.
O centro e a periferia foram afetados e era possível observar a fumaça negra no céu.
Os moradores se esconderam em refúgios como a cripta de uma igreja, onde várias famílias aguardavam em um ambiente de resignação.
Durante a tarde, Shusha, com 4.000 habitantes, foi atingida por disparos azerbaijanos.
De acordo com o ministério das Relações Exteriores da autoproclamada república há "civis mortos e feridos" nas duas cidades.
O presidente de Nagorno Karabakh, Arayk Harutyunyan, Arayk Harutyunyan, anunciou que, em represália, as forças de Nagorno Karabakh passariam a atacar as infraestruturas militares das grandes cidades do Azerbaijão, mais distantes da frente de batalha, e pediu aos civis que "abandonem imediatamente estas cidades".
A Rússia afirmou que está "preocupada" com o aumento de vítimas civis em Karabakh.
- Alvos civis -
As autoridades locais citaram disparos de sistemas de lança-foguetes múltiplos Smerch e Polonez. Drones sobrevoavam a cidade.
"É a estratégia militar dele", acusou o conselheiro da presidência azerbaijana Hikmet Hajiyev.
Uma habitante da cidade azerbaijana de Beylagan, entrevistada pela AFP, afirmou que sua casa foi parcialmente destruída no sábado.
"As forças azerbaijanas estão apontando contra alvos civis", disse o porta-voz do ministério da Defesa da Armêmia, Arstroun Hovhannissian.
Neste domingo, o Azerbaijão afirmou que feriu gravemente o presidente da autoproclamada república e tomou o controle de Jebrail, uma cidade azerbaijana com 9.000 habitantes, que desde a década de 1990 é controlada por separatistas armênios, mas que está fora do território de Karabakh. O lado armênio negou os dois anúncios.
A presidência de Karabakh afirmou que seu exército "controla por completo a situação em todas as partes".
- Retirada dos "territórios ocupados" -
O ministério da Defesa do Azerbaijão anunciou que a segunda maior cidade do país, Ganja, estava "sob o fogo das forças armênias".
Baku acusou Yerevan pelos ataques, mas o governo armênio negou.
O porta-voz da presidência de Karabakh, Vagram Pogossian, afirmou que os ataques eram separatistas e que o aeroporto militar foi "destruído". "Este é apenas o primeiro", disse.
O governo da Turquia, que apoia o Azerbaijão, condenou o que considerou ataques da Armênia contra civis na cidade de Ganja.
O Azerbaijão também informou ataques com foguetes contra "as cidades de Terter e Horadiz, na região de Fizuli, a partir de Stepanakert".
No sábado, o presidente do Azerbaijão, Ilham Aliyev, reafirmou que apenas uma retirada das forças armênias dos "territórios ocupados" poderia acabar com o conflito.
O primeiro-ministro da Armênia, Nikol Pashinyan, disse que o país enfrenta "talvez o momento mais decisivo de sua história" e fez um apelo de mobilização para a "vitória".
Nagorno Karabakh, uma região habitada principalmente por armênios, anunciou a secessão do Azerbaijão após o colapso da União Soviética, o que provocou uma guerra que deixou 30.000 mortos no início dos anos 1990.
O balanço do confronto é parcial porque Baku não divulga suas baixas militares. Até o momento foram registradas 245 mortes: 209 combatentes separatistas, 14 civis de Karabakh e 22 civis azerbaijanos.
Cada lado, no entanto, alega que matou mais de 2.000 soldados do campo adversário.
* AFP