O presidente Donald Trump determinou na quinta-feira (6) amplas restrições contras as redes sociais chinesas TikTok e WeChat, o que pode prejudicar suas capacidades de operação nos Estados Unidos. Por meio de um decreto, que entra em vigor em 45 dias, será proibida qualquer transação com as empresas proprietárias das redes sociais.
A medida aumenta a pressão sobre a ByteDance, matriz do TikTok, para que conclua as negociações de venda da plataforma de vídeos para a Microsoft e amplia o confronto entre a Casa Branca e Pequim.
Na segunda-feira (3), Trump aceitou a possibilidade do TikTok ser comprado por um grupo americano, mas a transação terá que acontecer antes de 15 de setembro, sob risco de proibição da plataforma.
Ao citar as empresas, o decreto cita uma ameaça à "segurança nacional, à política externa e à economia dos Estados Unidos".
"O TikTok automaticamente captura vastas faixas de informações de seus usuários, incluindo informações como localização e históricos de visitas e buscas na internet", afirma o texto.
De acordo com o decreto de Trump, os dados do TikTok, que foi baixado 175 milhões de vezes nos Estados Unidos e mais de um bilhão de vezes no mundo, podem potencialmente ser usados pela China para detectar a localização de funcionários e terceirizados do governo americano, elaborar dossiês para chantagear pessoas e fazer espionagem corporativa.
Na quinta-feira, o Senado americano votou para proibir que o TikTok seja instalado nos smartphones dos funcionários federais. O projeto de lei aprovado pelo Senado, de maioria republicana, será enviado à Câmara de Representantes, dominada pela oposição democrata.
O que diz o TikTok
A assessoria do TikTok encaminhou nota a GaúchaZH sobre o caso. De acordo com o documento, a empresa se diz chocada com a decisão do governo americano, "que foi emitida sem o devido processo legal". "Por quase um ano, procuramos nos envolver, de boa fé, com o governo dos EUA para fornecer uma solução construtiva para as preocupações que foram expressas. O que descobrimos foi que o governo não prestou atenção aos fatos, ditou termos de um acordo sem passar por processos legais padrão e tentou se inserir nas negociações entre empresas privadas."
A empresa aponta ainda que "o TikTok nunca compartilhou dados dos usuários com o governo chinês, nem censurou o conteúdo a seu pedido. De fato, disponibilizamos nossas diretrizes de moderação e código fonte do algoritmo em nosso Centro de Transparência, que é um nível de responsabilidade com o qual nenhuma empresa parceira se comprometeu". E admite "disposição de buscar uma venda completa dos negócios nos EUA a uma empresa americana".
Ainda sobre o assunto, a companhia alerta que a medida do governo Trump "corre o risco de minar a confiança das empresas globais no comprometimento dos Estados Unidos com o Estado de Direito, que serviu como um ímã para investimentos e estimulou décadas de crescimento econômico americano" e que buscará "todos os recursos disponíveis para garantir que o Estado de Direito não seja descartado", mesmo que seja necessário buscar os "tribunais dos EUA".