O presidente de Belarus, Alexandre Lukashenko, que enfrenta protestos inéditos em seu país, acusou países ocidentais, nesta sexta-feira (28), de quererem derrubá-lo para enfraquecer a Rússia.
Para o Ocidente, "Belarus é apenas um trampolim para a Rússia, como sempre", disse ele, de acordo com a agência de notícias estatal Belta.
"Ao contrário de Hitler, que enviou seu Exército para Moscou, eles buscam quebrar o poder no lugar, substituí-lo por um novo que pedirá ajuda militar de outro país e enviará tropas", acrescentou.
Ontem, o presidente russo, Vladimir Putin, anunciou que está pronto para enviar homens para Belarus, se os protestos contra a polêmica reeleição de Lukashenko em 9 de agosto terminaram em uma onda de violência.
Em julho, Lukashenko havia acusado Moscou de tentar subjugar seu país, enviando mercenários para desestabilizá-lo e interferir nas eleições. Diante de manifestações sem precedentes, buscou, porém, a ajuda de Putin e mudou seu discurso, agora acusando os países europeus.
O presidente bielo-russo também disse, nesta sexta, que vai impor sanções contra Polônia e Lituânia, que expressaram seu apoio aos manifestantes e acusaram seu governo de cometer fraude eleitoral e recorrer à violência policial.
Milhares de bielo-russos saíram às ruas nas últimas três semanas contra o que consideram uma reeleição fraudulenta de Lukashenko, alegando que quem venceu foi a opositora Svetlana Tikhanovskaya, agora refugiada na Lituânia.
A repressão aos manifestantes nos dias após as eleições deixou três mortos, dezenas de feridos e mais de 7.000 presos.
Ao mesmo tempo, o chefe da diplomacia da União Europeia (UE), Josep Borrell, pediu ao governo da Rússia que não atue em Belarus.
"Ouvi muitas vezes da Rússia o mantra de que isto era um assunto interno de Belarus e que não queriam interferência externa. Suponho que também é válido para eles", disse Borrell.
"Somente o povo bielo-russo deve determinar seu próprio futuro. Se a Rússia acreditar na independência e na soberania de um Estado nação respeitará os desejos e eleições democráticas do povo bielo-russo", completou.
* AFP