Funcionários de várias fábricas de Minsk protestaram nesta segunda-feira (17) em resposta à convocação de uma greve geral da oposição de Belarus, dando continuidade ao gigantesco movimento que exige a saída do presidente Alexandre Lukashenko.
A candidata opositora nas eleições presidenciais, Svetlana Tikhanovskaya, afirmou por sua vez que está pronta para "assumir [suas] responsabilidades" e governar o país, em um vídeo gravado na Lituânia, onde se refugiou.
Esta manhã, manifestantes se reuniram diante de várias fábricas e da sede da televisão nacional em Minsk.
Com bandeiras brancas e vermelhas, as cores da oposição, os manifestantes se reuniram diante de uma fábrica de veículos pesados (MZKT), onde Lukashenko chegou de helicóptero.
Milhares de funcionários abandonaram os postos de trabalho na fábrica de tratores de Minsk (MTZ), informaram fontes da empresa à AFP.
Vários operários de outras fábricas seguiram em direção à unidade da MZKT para aderir aos protestos, de acordo com um vídeo publicado pelo site de notícias tut.by.
"Saia!", "Não esqueceremos, não perdoaremos" gritaram os manifestantes diante da sede da MZKT.
Por sua vez, o presidente Lukashenko se reuniu com alguns funcionários da MZKT e tentou minimizar o alcance do movimento de protesto. Ele disse que as fábricas funcionam, apesar dos apelos por uma greve geral.
Enquanto justificava a repressão da semana passada da qual a polícia é acusada, alguns gritaram "fora, fora!" ao chefe de Estado, segundo imagens divulgadas nas redes sociais.
Lukashenko insistiu que "Belarus organizou eleições e não haverá outras".
Maria Kolesnkikova, uma das faces da oposição bielorrussa aliada de Tikhanovskaya durante a campanha eleitoral, também discursou diante da fábrica MZKT e anunciou que iria dar seu apoio na sede da televisão pública, onde vários apresentadores anunciaram sua renúncia nos últimos dias.
De acordo com o site tut.by, funcionários da produtora de potássio Belaruskali anunciaram a intenção de fazer greve. O potássio, usado para fabricar fertilizantes, é uma importante fonte de renda para Belarus, um dos maiores produtores do mundo.
- Manifestação histórica -
Desde a noite da eleição, a ex-república soviética se tornou cenário de manifestações que foram, em um primeiro momento, violentamente reprimidas pelas autoridades.
Milhares de pessoas protestaram no domingo em Minsk para exigir a saída do presidente, no poder desde 1994.
A manifestação, considerada uma das maiores da oposição na história do país, ocorreu sem prisões e, excepcionalmente, foi até apresentada de forma neutra ou positiva pela mídia estatal.
Ao mesmo tempo, o presidente bielorrusso de 65 anos fez uma aparição surpresa em uma praça central da capital, onde seus apoiadores se reuniram, e mais uma vez rejeitou os pedidos para organizar novas eleições.
A vitória de Lukashenko nas eleições de 9 de agosto, onde obteve oficialmente 80% dos votos, foi considerada fraudulenta pela oposição.
Tikhanovskaya, que alcançou uma mobilização inesperada, recebeu oficialmente 10%.
No domingo, Belarus recebeu o apoio da Rússia, um aliado histórico, apesar das tensões recorrentes entre os dois países. Lukashenko acusou especialmente a Rússia de querer transformar seu país em vassalo.
No Ocidente, as reações se sucedem. Nesta segunda-feira, o governo do Reino Unido afirmou que não aceita os resultados da eleição presidencial de 9 de agosto em Belarus e deseja adotar sanções contra os responsáveis pela repressão no país.
"Precisamos com urgência de uma investigação independente da OSCE" (Organização para a Segurança e Cooperação na Europa), declarou chefe da diplomacia britânica, Dominic Raab.
Os líderes europeus vão organizar uma cúpula extraordinária na quarta-feira para abordar a crise no Belarus.
* AFP