O Twitter ocultou nesta terça-feira (23) um novo tuíte do presidente americano, Donald Trump, porque considerou que ele descumpriu as regras relativas ao "comportamento abusivo" de ameaçar com o uso da força manifestantes na capital federal.
A rede social, no entanto, entendeu que o tuíte de Trump "pode ser de interesse público", e por isso permite aos seguidores do presidente lê-lo ao clicar no texto que o encobre.
A empresa sediada em São Francisco já tinha marcado comentários de Trump como enganosos e promotores de violência.
"Nunca haverá uma zona autônoma em Washington DC enquanto eu for presidente. Se tentarem, enfrentarão uma grande força!", escreveu o presidente, em meio a protestos que há semanas dominam o país contra a violência policial e o racismo.
Trump fez alusão em seu tuíte à zona livre de polícia criada recentemente por manifestantes em Seattle, o que provocou indignação entre os conservadores.
Antes desse tuíte, Trump tinha anunciado detenções e até 10 anos de prisão a quem vandalizasse qualquer propriedade federal, depois de ativistas tentarem derrubar na noite de segunda-feira a estátua de um presidente escravocrata do século 19, perto da Casa Branca.
A decisão do Twitter de ocultar mais um tuíte de Trump intensifica uma batalha entre a Casa Branca e as empresas que oferecem serviços de redes sociais, às quais Trump acusa de parcialidade contra os políticos conservadores.
O presidente americano, que tem 82,4 milhões de seguidores no Twitter e usa esta rede diariamente de forma intensiva, assinou no fim de maio um decreto para limitar a liberdade das redes sociais de decidir sobre seu conteúdo. O governo Trump também destacou que quer reformar uma lei que dá imunidade aos provedores de serviços na internet sobre o conteúdo publicado por outros, uma medida que pode resultar em muitos litígios.
O Twitter informou nesta terça à AFP ter agido porque Trump violou a política da empresa com "uma ameaça de dano contra um grupo identificável". A política do Twitter com relação a líderes mundiais na maioria dos casos exige marcar as mensagens que afetam os padrões da rede sociais, o que limita seu alcance e evita que outros curtam ou o retuítem. Mas deixa os tuítes disponíveis se forem relacionados com "assuntos atuais de importância pública".
No fim de maio, o Twitter ocultou um tuíte de Trump sobre os protestos após a morte do afro-americano George Floyd por um policial branco, por considerar que fazia "apologia da violência". Dias antes, o Twitter tinha marcado dois tuítes do presidente sobre a votação por correio com a hashtag "Verifique os dados". Um porta-voz da plataforma disse então que continham "informação potencialmente enganosa sobre o processo de votação".