O presidente do Kosovo, Hashim Thaçi, disse nesta sexta-feira (26) que a Justiça internacional quer "reescrever a história" do territorio, após o anúncio da acusação, por parte dos procuradores do Tribunal Especial de Haia para o Kosovo, de crimes de guerra cometidos durante o conflito com a Sérvia.
O chefe de Estado anunciou, no Facebook, que havia desembarcado em Tirana (capital da Albânia), em seu caminho de volta para o Kosovo. No domingo à noite, fará um pronunciamento a seus compatriotas.
Antes disso, atualizou seu perfil na rede social: "Ninguém pode reescrever a história do Kosovo".
Thaci, de 52 anos, é o ex-comandante político da guerrilha separatista albano-kosovar (UCK) que ativou a rebelião contra Belgrado há mais de 20 anos. Kosovo então era uma província da Sérvia.
Na quarta-feira (24), esse ex-guerrilheiro foi acusado, junto com outros ex-companheiros, pelos procuradores do Tribunal Especial de Haia por uma série de supostos crimes cometidos durante o conflito de 1998-99.
Esses supostos crimes envolveram "centenas de vítimas conhecidas de origem albanesa, sérvia e cigana e outras origens, assim como opositores políticos".
Os procuradores explicaram que divulgaram as acusações por causa das "repetidas tentativas" de Hashim Thaci de "obstruir" o trabalho do tribunal. Este último é uma instância judicial kosovar, mas é composto por juízes internacionais.
Um juiz deve decidir se prosseguirá com a acusação formal, que inclui assassinatos, desaparecimentos forçados, perseguições e torturas.
Não se descarta que um mandado de prisão seja emitido contra o presidente do Kosovo antes de uma acusação formal - o que pode levar meses.
Em uma mensagem no Facebook às suas "maravilhosas irmãs, irmãos e amigos", o presidente do Kosovo prometeu se dirigir a eles no domingo à noite, direto de seu gabinete.
"Mantenho a esperança de que os próximos dias sejam os melhores para o Kosovo e a Albânia", acrescentou.
Enquanto isso, no Kosovo, tanto críticos quanto apoiadores do presidente defendem a guerra como uma causa "justa" e "pura" anunciadora da independência do Kosovo. Proclamada em 2008, ela ainda não foi reconhecida pela Sérvia.
O ex-primeiro-ministro Ramush Haradinaj, também ex-guerrilheiro, saiu em socorro do presidente.
"O Exército de Libertação do Kosovo travou uma guerra pura, que resultou na liberdade e na criação da República do Kosovo", escreveu no Facebook.
"Acreditamos na inocência do presidente Thaci, do presidente (do partido) Veseli e de todos os outros camaradas", afirmou.
* AFP