Anthony Fauci, epidemiologista e principal conselheiro do presidente Donald Trump para a pandemia de covid-19, disse em audiência no Senado americano nesta terça-feira (12) que o relaxamento prematuro das medidas de distanciamento social pode levar o país a registrar novos surtos da doença.
Para o membro da força-tarefa da Casa Branca contra o coronavírus, os Estados americanos deveriam seguir as recomendações de especialistas e esperar as condições ideais para a retomada econômica, que incluem o declínio no número de novas infecções.
— As consequências (da reabertura) podem ser muito sérias. Há um risco real de que a reabertura provoque surtos incontroláveis, o que, paradoxalmente, faria o país regredir (no combate à doença), causando sofrimento desnecessário, mas também atrasaria a recuperação econômica — afirmou.
O epidemiologista afirmou ainda que o número de vítimas pode ser maior que o oficial, já que muitas pessoas estão morrendo em casa, sem serem testadas. Até agora, o vírus deixou mais de 80 mil mortos e mais de 1,3 milhão de infectados nos Estados Unidos.
Durante a audiência, realizada com a maioria dos políticos em videoconferência, os senadores democratas enfatizaram o perigo da reabertura prematura, enquanto congressistas republicanos minimizaram os riscos, afirmando que uma quarentena prolongada poderia ter sérios impactos na economia.
— Americanos precisam de liderança, de um plano e de honestidade, antes de reabrirmos — disse a democrata Patty Murray.
Na direção contrária dos colegas de partido, o senador republicano Lamar Alexander afirmou na abertura da sessão que os EUA haviam feito um número impressionante de testes, mas ainda insuficiente.
Enquanto a Câmara dos Deputados é controlada pelos democratas, a maioria do Senado é do Partido Republicano, o mesmo de Trump.
O presidente tem alegado que os Estados americanos possuem testes suficientes para controlar a disseminação do vírus e que, portanto, deveriam abrir rapidamente suas economias. Faz parte da estratégia de Trump para as próximas eleições, marcadas para novembro, o discurso de que sua administração fortaleceu a economia americana.
Grupos conservadores também têm protestado em vários pontos do país pelo fim da quarentena. Alguns Estados, como Texas e Geórgia, afrouxaram as medidas de isolamento social, mas outros resistem a acatar o desejo de Trump.
Na semana passada, o jornal The New York Times publicou uma reportagem afirmando que a administração Trump planejava enfraquecer gradualmente a força-tarefa da Casa Branca contra o vírus, da qual Fauci faz parte. A informação se confirmou no dia seguinte, quando o governo anunciou que as ações do grupo passariam a focar na reabertura econômica do país, além de vacinas e terapias.