O atentado em dezembro em uma base naval na Flórida, no qual um cadete saudita matou três americanos, foi coordenado por anos com a organização extremista Al Qaeda, informaram autoridades americanas nesta segunda-feira (18), após recuperar dados criptografados dos celulares do acusado.
O cadete da Força Aérea Real da Arábia Saudita em treinamento nos Estados Unidos, Mohamed Alshamrani, de 21 anos, abriu fogo em uma sala de aula na base de Pensacola, na Flórida, deixando três marinheiros mortos e oito feridos antes de ser morto pela polícia, em 6 de dezembro do último ano.
Durante a troca de tiros, ele conseguiu atirar em um dos seus celulares para destruí-lo, mas sem sucesso.
Os investigadores americanos, que haviam apreendido outro celular dele após o ataque, pediram à Apple que a empresa os ajudasse a acessar os dados, mas a gigante californiana não colaborou.
Finalmente, "graças ao engenho dos técnicos do FBI", os telefones revelaram seus segredos: o atacante tinha "ligações importantes" com o grupo extremista Al Qaeda, "antes mesmo de chegar aos Estados Unidos", revelou o procurador-geral dos EUA, Bill Barr, durante uma coletiva de imprensa.
Desde pelo menos 2015, Alshamrani tinha se radicalizado e seu ataque foi "o resultado de anos de planejamento e preparação", segundo o diretor do FBI, Christopher Wray.
No início de fevereiro, o ramo iemenita da Al Qaeda na Península Arábica (AQPA) assumiu a responsabilidade pelo ataque. Porém, até agora nada podia ser dito sobre Alshamrani ter sido influenciado pelo grupo ou se havia realizado contato direto com seus membros.
Na época, Washington anunciou que havia "eliminado" o líder da AQPA, Qassim al Rimi, em uma operação no Iêmen. Segundo Barr, os dados coletados nos telefones da Alshamrani foram utilizados nesta intervenção.
"Minha conclusão: nossa segurança nacional não pode ser deixada nas mãos de grandes corporações que colocam o dinheiro acima do acesso legal e da segurança pública. Chegou a hora de uma solução legislativa", disse Barr, também secretário de Justiça, que fez de acesso aos dados recolhidos dos suspeitos um dos seus principais instrumentos de trabalho.
* AFP