Ainda que parte dos países europeus esteja começando a reabrir comércio e escolas, além de afrouxando normas de circulação nas ruas, ainda há muito receio de que a pandemia de coronavírus possa se fortalecer se houver uma abertura sem cuidados. A Espanha, por exemplo, sofreu um pequeno acréscimo no saldo diário de mortes por coronavírus nesta quarta-feira (22), o que acendeu o alerta. Ao mesmo tempo, o governo anunciou que em meados de maio o rigoroso confinamento da população em vigor desde março poderá ser ser flexibilizado.
Terceiro país com mais mortes por coronavírus no mundo, a Espanha relatou nesta quarta-feira 435 mortes por covid-19 nas últimas 24 horas, cinco a mais que na terça-feira, elevando o número total de mortes para 21.717, de acordo com o balanço do Ministério da Saúde.
A Espanha havia começado a semana anunciando na segunda-feira 399 mortes por coronavírus. De qualquer forma, pelo quarto dia consecutivo, o saldo permaneceu abaixo do limiar de 500 mortes. Os casos confirmados aumentaram mais de 4,2 mil e agora totalizam 208.389, de acordo com o relatório diário da pasta.
Apesar dos "pequenos altos e baixos que estamos observando" nos balanços diários, há "uma tendência de queda" nos contágios, afirmou em entrevista coletiva Fernando Simón, chefe do centro de emergências do Ministério da Saúde. As autoridades de saúde dizem que o pico da epidemia foi superado no início de abril, quando foram registradas 950 mortes diariamente.
Ao mesmo tempo, no Reino Unido, os resultados de testes para uma vacina ou tratamento estão balizando as próximas decisões. O país poderá manter medidas de distanciamento devido ao coronavírus por mais um ano se uma vacina ou tratamento eficaz não forem encontrados antes disso, alertou o principal consultor médico do governo nesta quarta-feira.
— A saída disso será uma das duas coisas, uma vacina altamente eficaz ou medicamentos altamente eficazes para impedir que as pessoas morram com essa doença. Até que tenhamos isso, e a probabilidade de obtê-los a qualquer momento do ano que vem é muitíssimo pequena, e acho que devemos ser realistas sobre isso, teremos que confiar em outras medidas sociais, que obviamente são muito perturbadoras — disse Chris Whitty.
Ele não especificou, contudo, quais medidas podem ser mantidas, referindo-se simplesmente à "combinação ideal delas".
O Ministério da Saúde britânico registrou 759 novas mortes em hospitais de pacientes doentes com covid-19 nesta quarta-feira, elevando o número de mortes para 18,1 mil desde o início da crise no país, um dos mais afetados na Europa.
O primeiro-ministro Boris Johnson decretou o confinamento geral em 23 de março, sendo prolongado até 7 de maio. Apesar da pressão crescente, seu governo atualmente não considera nenhum relaxamento, ao contrário de outros países europeus.
Confira a situação em outros países no mundo:
Itália
O governo italiano anunciou nesta quarta-feira que "nos próximos dias" serão tomadas decisões sobre um eventual retorno aos treinamentos para os clubes de futebol do país, com o objetivo de encerrar a temporada, interrompida pela pandemia de coronavírus. Já a Fiat anunciou que reabrirá suas fábricas, fechadas desde março, na próxima segunda-feira (27).
Austrália
Os surfistas e pessoas que desejam nadar poderão voltar à famosa Bondi Beach, em Sydney, a partir da próxima semana, depois que o local permaneceu fechado por um mês e meio em consequência do número de casos de coronavírus na Austrália. As autoridades informaram, no entanto, que a praia continuará fechada para quem deseja tomar sol, correr ou levar a família ao local, em um esforço para manter as regras estritas de distanciamento social da Austrália.
Irlanda
O governo irlandês proibiu na terça-feira (21) a realização até o final de agosto de eventos com mais de 5 mil pessoas, como medida contra a propagação do coronavírus. Depois de ter decidido fechar as escolas em 12 de março, a Irlanda ordenou o confinamento da população em 27 de março e depois o estendeu até 5 de maio. A população está autorizada apenas a sair para trabalhar, fazer compras, ir ao médico, ou fazer exercícios perto de casa. Também é possível sair por "razões familiares imperativas" e para realizar trabalhos agrícolas. Todas as reuniões, públicas ou privadas, estão proibidas.
Singapura
As autoridades de Singapura anunciaram na terça-feira (21) que prolongarão por mais um mês o período de confinamento, que já está válido desde o início de abril e continuará até o início de junho. A medida ocorre depois de um aumento de casos da covid-19 na região nesta semana. Singapura inicialmente conseguiu conter a epidemia devido a uma estratégia muito rígida no que se refere ao controle e o contato com pessoas contaminadas. Porém, enfrenta uma segunda onda do vírus desde o início de abril, por causa dos trabalhadores migrantes.
França
O governo francês anunciou na terça-feira (21) o calendário para a retomada das atividades em creches e escolas de ensino fundamental, fechadas há mais de um mês por causa da pandemia do coronavírus. Na semana de 11 de maio, os alunos da pré-escolas e dos primeiros anos do ensino fundamental retornarão às aulas em grupos de no máximo 15 pessoas. Na semana de 18 de maio, estudantes dos anos finais do ensino fundamental e do ensino médio retomarão as aulas. Os alunos das escolas profissionais, por outro lado, começarão imediatamente com oficinas. Já na semana de 25 de maio, todas as aulas serão reabertas — sempre com um limite máximo de 15 alunos por turma.