Principal prêmio de fotojornalismo do mundo, o World Press Photo nomeou nesta quinta (16) a imagem vencedora da edição 2020. Intitulada Straight Voice (voz direta), o clique do fotógrafo japonês Yasuyoshi Chiba capta o momento em que um jovem, iluminado pela luz de celulares, recita um poema entre manifestantes, exigindo um governo civil em Cartum, capital do Sudão.
A fotografia de Chiba, profissional da agência de notícias AFP e que por anos trabalhou no Brasil, foi tirada em 19 de junho do ano passado, durante a crise política em que o Sudão mergulhou após o ditador Omar al-Bashir ser deposto pelo exército, em abril. Ele governou a nação africana por três décadas, e o que se seguiu foi uma disputa de meses entre os militares e as forças pró-democracia pelo poder.
— Estou muito satisfeito por apoiar o povo sudanês na luta pela verdadeira democracia. A imagem expressa a paixão e o entusiasmo dos manifestantes. Senti-me como se eu fosse um deles. Testemunhei a vontade inabalável do povo, que não podia ser extinguida pela violência. Fico feliz por ter estado ali nesse dia, porque foi um golpe de sorte — disse o vencedor em comunicado.
Japonês baseado em Nairóbi, Quênia, desde 2016, Yasuyoshi Chiba estudou fotografia em Tóquio, Japão. Começou a carreira no diário Asahi Shibum, um dos principais jornais do Japão.
Tornou-se fotógrafo freelancer quando se mudou para o Quênia, em 2007, onde cobriu a onda de violência após as eleições presidenciais no país. Em 2011, foi contratado pela AFP e integrou a equipe da agência em São Paulo.
Em 2019, a imagem escolhida foi a de uma criança chorando enquanto a mãe é revistada por agentes dos Estados Unidos na fronteira do país com o México, fotografada pelo norte-americano John Moore.
O registro acabou se tornando símbolo da política de separação de crianças de seus pais na fronteira, determinada pelo presidente Donald Trump em 2018 – embora a criança na imagem não tenha sido separada da mãe.
Em entrevista à Folha de S.Paulo, Moore criticou a forma como o governo norte-americano lida com os imigrantes e descreveu a foto como "um breve momento de ansiedade de separação".