Neste domingo (5), a rainha Elizabeth II, soberana do Reino Unido, fez um raro pronunciamento em cadeia nacional de rádio e TV, no qual agradeceu o trabalho dos profissionais de saúde e à resiliência do povo britânico em manter o isolamento social no país. A pandemia de coronavírus já matou 4.934 pessoas em hospitais britânicos, com 47.806 casos no total.
— Nós vamos ter sucesso, e este sucesso vai pertencer a todos nós. Ainda há muito o que suportar. Talvez nós tenhamos que ficar mais tempo assim, mas dias melhores vão voltar. Nós vamos estar com nossos amigos de novo, com nossas famílias de novo, nós vamos nos encontrar de novo. Mas, por agora, eu mando meus agradecimentos e meus melhores desejos para todos — disse a rainha.
O governo espera que o comunicado ajude a convencer a população a respeitar as restrições — após várias medidas progressivas, o Reino Unido decretou quarentena no último dia 23.
Embora o país tenha enfrentado desafios no passado, este é diferente, afirmou Elizabeth II na TV:
— Agora nos juntamos a todas as nações do mundo com uma mesma missão, usando os grandes avanços da ciência e nossa compaixão instintiva para criar. Triunfaremos, e essa vitória vai pertencer a cada um de nós — disse ela.
A monarca britânica costuma falar diretamente ao povo do seu país anualmente nas sessões de abertura do parlamento e nos dias 25 de dezembro, quando manda a sua mensagem de Natal. Pronunciamentos fora dessa agenda são raros, e normalmente acontecem em momentos de luto, como na Guerra do Golfo (1991), na morte da princesa Diana (1997) e da rainha-mãe (2002).
Quando ela tinha 14 anos, em 1940, ela fez seu primeiro pronunciamento à nação, ao lado da irmã Margaret, para as crianças que estavam sendo evacuadas de suas casas pelos bombardeios.
— Hoje, novamente, muitos vão ter um doloroso sentimento de separação das suas pessoas amadas. Mas nós percebemos, dentro de nós, que é a coisa certa a fazer — disse a monarca.
Mais cedo, o governo britânico ameaçou endurecer o confinamento se as medidas de confinamento para combate ao coronavírus forem desrespeitadas pela população.
— Se não quiserem que decidamos proibir qualquer exercício físico fora de casa, cumpram as regras — advertiu neste domingo, em entrevista à rede Sky News, o ministro da Saúde, Matt Hancock, lamentando que uma "pequena minoria" siga sem respeitar as normas.
A medida contaria com o apoio do Partido Trabalhista, principal legenda da oposição, garantiu seu novo líder, Keir Starmer.
Isolada em Windsor desde 19 de março
A mensagem foi gravada em Windsor com um único operador de câmera vestido com roupas de proteção como medida de precaução. A monarca e seu marido, o príncipe Philip, de 98 anos, estão no Castelo de Windsor, no oeste de Londres, preventivamente desde 19 de março. Ela agradeceu pessoalmente aos profissionais na linha de frente no Serviço Nacional de Saúde (NHS), cuidadores e outros trabalhadores-chave por desempenharem, "altruisticamente", funções essenciais.
A transmissão exibiu imagens de médicos e enfermeiros, trabalhadores de entrega e militares que ajudam na construção de um novo hospital de campanha com 4 mil leitos em Londres. Também mostrou pessoas aplaudindo estes profissionais de suas casas e disse que os arco-íris pintados pelas crianças nas janelas são um "símbolo" da resiliência. A rainha disse que as pessoas na Grã-Bretanha e ao redor do mundo podem se sentir orgulhosas de sua resposta comunitária à pandemia.
— Juntos vamos vencer esta doença e eu quero reassegurá-los de que se nos mantivermos unidos e decididos, vamos superá-la — acrescentou.
A frase "We'll Meet Again" (Vamos nos encontrar de novo) é uma referência à cantora britânica da época da Segunda Guerra Vera Lynn, cuja canção com esse nome se tornou um hino para aqueles que combatiam no Exterior, distantes de seus entes queridos.