Os conservadores do Irã lideram a apuração dos votos das eleições legislativas, de acordo com os primeiros resultados publicados neste sábado, um cenário favorecido por um provável índice de participação reduzido após o veto a milhares de candidatos.
As eleições aconteceram na sexta-feira em um contexto de violenta recessão econômica, provocada, em parte, pelas sanções americanas, o que exacerbou as tensões entre Teerã e Washington.
Antes da votação, quase metade das 16.000 candidaturas foram invalidadas, incluindo milhares de reformistas e moderados, o que praticamente transformou a eleição em uma disputa entre conservadores e ultraconservadores.
Analistas previam um elevado índice de abstenção, pois a população está desiludida com as promessas não cumpridas pelos políticos e enfrenta duras condições de vida.
A apuração já havia sido concluída em 71 das 208 circunscrições do país, de acordo com o Comitê Eleitoral Nacional.
Os primeiros resultados apontam que a aliança formada por conservadores e ultraconservadores parece ter uma vantagem cômoda em Teerã, informou o porta-voz do Comitê, Esmail Musavi.
O porta-voz disse que muitos votos foram direcionados para as três primeiras candidaturas da lista, liderada por Mohamad Bagher Ghalibaf, três vezes candidato derrotado à presidência, ex-comandante da polícia, membro da Guarda Revolucionária (o exército ideológico do Irã) e prefeito de Teerã entre 2005 e 2017.
Os moderados e os reformistas tinham poucos representantes entre os 40 candidatos em Teerã. Com 30 cadeiras no Parlamento, a capital iraniana tem um peso eleitoral considerável.
Os resultados finais em Teerã e outras províncias devem ser anunciados no domingo. As autoridades determinaram o fechamento das escolas em dezenas de cidades para permitir a apuração.
Caso os primeiros resultados sejam confirmados, o presidente moderado Hassan Rohani sofrerá uma dura derrota e verá sua margem de manobra limitada até o fim de seu mandato em 2021.
De acordo com números não oficiais publicados pela agência Fars, a coalizão conservadora conquistou 135 das 290 cadeiras do Parlamento. Os reformistas conseguiram 20 e os independentes 28.
A agência informou que 1,9 milhão de pessoas votaram em Teerã, dos nove milhões de eleitores da capital.
Além da frustração com o governo, a eleição de sexta-feira, a 11ª desde a Revolução Islâmica de 1979, coincidiu com o anúncio de mortes no Irã provocadas pelo novo coronavírus.
Neste sábado, as autoridades iranianas anunciaram mais um falecimento, o que eleva o número de mortes relacionadas com esta doença a cinco no país, o mais afetado pelo coronavírus no Oriente Médio.
Vinte e oito pessoas foram infectadas no Irã.
* AFP