Especialistas canadenses enviados nesta segunda-feira (13) a Teerã para investigar a queda do Boeing ucraniano por militares iranianos terão acesso às caixas-pretas da aeronave, informaram as autoridades.
Na próxima quinta-feira (16), diplomatas dos cinco países com vítimas do desastre se reunirão na embaixada canadense em Londres para discutir a situação.
No último sábado (11), o Irã admitiu ter atingido acidentalmente o Boeing 737-800 da companhia aérea Ukraine International Airlines, com 176 passageiros, dos quais 57 eram canadenses. Todos os ocupantes da aeronave morreram.
"Não sabemos onde chegaremos com a investigação", mas "o nosso papel será muito limitado", conforme as regras da Organização da Aviação Civil Internacional (OACI), disse a presidente da entidade canadense de Segurança do Transporte, Kathy Fox, em coletiva de imprensa.
No entanto, a presidente do órgão ressaltou que há indicativos de que o Irã permitirá que os especialistas canadenses "desempenhem um papel mais ativo (na investigação) do que normalmente é permitido".
Segundo Fox, é previsto que dois investigadores canadenses cheguem ao Teerã ainda nesta segunda-feira.
Os especialistas foram convidados pelo Irã, que está comprometido com a investigação sobre o ocorrido, para auxiliar na análise das caixas-pretas do Boeing, que registram as informações técnicas dos voos e as conversas da tripulação.
Os especialistas canadenses também terão acesso o local do acidente e poderão analisar destroços do avião, que está sendo reconstruído.
Na próxima quinta-feira (16), um grupo coordenado por países que tiveram vítimas na queda da aeronave se reunirá em Londres, por iniciativa do Canadá, como anunciou o chanceler François-Philippe Champagne. Esses países já mantinham contato para discutir uma eventual indenização.
"Convocamos a primeira reunião presencial do grupo internacional de coordenação e intervenção na quinta-feira (16), na embaixada canadense em Londres", escreveu Champagne no Twitter.
Os ministros de Relações Exteriores dos cinco países que fazem parte do grupo de vítimas buscarão pressionar o Irã para obter acesso consular, organizar a repatriação dos restos mortais e exigir uma investigação transparente do caso por parte daquele país, disse à AFP um porta-voz da chancelaria canadense.
A escalada de tensão entre o Irã e o Estados Unidos ocorre desde o falecimento do general iraniano Qasem Soleimani, chefe de operações do exército de elite Guardiões da Revolução, no Iraque, morto durante operação com drones americanos no último 3 de janeiro.