Eleito em sua segunda tentativa de chegar à Presidência, o candidato do Partido Nacional (blanco), Luis Lacalle Pou, 46 anos, mostra-se hoje mais maduro do que a figura que se apresentou como "jovem" na campanha de 2014 e que perdeu no segundo turno para o socialista Tabaré Vázquez.
Casado e pai de três filhos, o presidente eleito nasceu em Montevidéu em 1973, ano em que começou a ditadura que comandou o país durante 12 anos.
Liberal nos costumes, o centro-direitista, anunciado oficialmente vitorioso nesta quinta-feira (28), apoia leis de direitos civis aprovadas durante o período em que o país foi governado pela Frente Ampla, como o casamento homossexual e as leis da maconha e do aborto. Mas soma a isso um discurso mais à direita no que diz respeito à economia e à segurança pública.
Advogado, filho de pais políticos -o ex-presidente Luis Alberto Lacalle Herrera (1990-1995) e a ex-senadora Julia Pou-, Lacalle Pou defende que o Uruguai mude de posição em relação à Venezuela, passando a atuar junto ao Grupo de Lima por mais pressões contra a ditadura de Nicolás Maduro.
É pro-Mercosul, mas rejeitou o apoio que recebeu do brasileiro Jair Bolsonaro, dizendo que não considera uma "coisa boa" que se opine sobre a política interna de outros países. "O Uruguai, por sorte, não decide o que os brasileiros pensam, decide apenas o que acontece e o que precisam os uruguaios", afirmou ao jornal local El Observador.
Durante a campanha, Lacalle Pou disse considerar o Estado uruguaio custoso e pouco eficiente. Em relação à segurança, defendeu mais policiais nas ruas e um endurecimento nas penas dos crimes considerados graves -em oposição ao seu opositor, da Frente Ampla, que apostou no discurso da prevenção da violência.
O tema teve papel central na disputa por conta do aumento da insegurança no Uruguai, que viu os homicídios aumentarem 48% e os roubos com violência subirem 53%, segundo o Ministério do Interior.
A eleição deste ano foi a mais apertada dos últimos 20 anos. Na madrugada seguinte ao pleito, com 99,31% das urnas apuradas, Lacalle Pou liderava a contagem por 48,75% contra 47,47% do governista Daniel Martínez, 62, da Frente Ampla.
Como a diferença era de apenas 30.581 votos, a Corte Eleitoral decidiu adiar o anúncio do vencedor para analisar os chamados "votos observados", que somam 35 mil.
Nessa categoria, entram os eleitores que votaram em uma zona eleitoral diferente de onde estão registrados ou que não são encontrados nos cadastros nos locais de votação e, por isso, têm os dados anotados para serem verificados posteriormente.
Após quatro dias de checagem desses votos, o Partido Nacional foi anunciado vencedor por uma diferença de cerca de 1% dos votos -e o escrutínio final deve ser divulgado até sábado (30).