Após meses de impasse e de troca de críticas públicas, Pedro Sánchez (PSOE) e Pablo Iglesias (Podemos) anunciaram nesta terça-feira (12) que chegaram a um acordo preliminar para formar um governo conjunto na Espanha. E selaram o acerto com um abraço.
O documento não deixa claro quais serão as funções de cada um no novo governo, e nem as linhas que serão adotadas. Há menções genéricas a proteger os direitos sociais, garantir a convivência na Catalunha e fortalecer as autonomias regionais.
O PSOE, que comanda o governo desde junho de 2018, foi o mais votado nas eleições de domingo (10), com 120 assentos conquistados. A coligação Unidas Podemos ficou em quarto, com 35. Juntas, têm 155 cadeiras, mais do que a soma do segundo e terceiro colocados (PP e Vox, ambos de direita, que chegaram a 140 somados).
Segundo alguns meios da imprensa espanhola, houve um acerto para que Iglesias tenha o cargo de vice-presidente de governo, em um sinal claro de que o PSOE finalmente cedeu no ponto que travava as conversas: dividir o poder. Iglesias classificou o acordo como "a melhor vacina contra a extrema-direita".
No domingo, o partido de ultradireita Vox teve um crescimento expressivo, e passou de 24 para 52 assentos, tornando-se o terceiro mais votado. Isso gerou temores de que uma nova eleição, consequência em caso de falta de acordo, possa fazer com que o Vox cresça ainda mais. O partido se posiciona contra o que chama de política tradicional e defende bandeiras como o fim das autonomias regionais e o veto a imigrantes.
Nas eleições de abril, o PSOE também foi o vencedor, mas não conseguiu fazer um acordo com o Podemos para formar governo, o que levou à nova votação geral, no domingo passado.
Os dois partidos perderam votos em comparação a abril. Juntos, somam 155 cadeiras. A expectativa, segundo o El País, é que a coligação atraia legendas regionais, como o PNV (Partido Nacionalista Vasco; sete assentos), Más País (três), BNG (Bloco Nacionalista Galego; um), PRC (Partido Regionanalista da Cantábria; um) e Teruel Existe (um).
Mesmo que não chegue aos 176 assentos necessários para a maioria, o bloco de esquerda pode assumir o governo desde que outros partidos menores se abstenham e não bloqueiem a investidura. Se a coligação for aprovada, será a primeira vez que a Espanha terá um governo de coalizão desde sua redemocratização, nos anos 1970. PSOE e PP se alternam no poder desde 1982.