O presidente Sebastián Piñera reconheceu nesta quinta-feira (21) que as forças de segurança do Chile descumpriram os protocolos de uso da força, mas que a Justiça determinará se os direitos humanos foram violados. A Anistia Internacional denunciou uma "política deliberada" para castigar manifestantes.
Enquanto aumentam as denúncias sobre o uso excessivo da força nas manifestações que começaram há um mês, o presidente reconheceu que em alguns casos não foram cumpridas as regras estabelecidas nos protocolos revisados e aprovados por organismos de direitos humanos em março.
— Se esses protocolos não forem cumpridos, e eu acho que é possível que em alguns casos não tenham sido cumpridos, isso será investigado pela Procuradoria, será sancionado pelos tribunais de Justiça. Assim funciona uma democracia, assim funciona um Estado de direito — disse Piñera, em um encontro com jornalistas de veículos estrangeiros.
Os protestos no Chile começaram em 18 de outubro e já deixaram ao menos 23 mortos. O Instituto Nacional de Direitos Humanos aponta cerca de dois mil feridos. Organizações sanitárias afirmam que mais de 280 pessoas tiveram dano ocular grave por disparos de balas de borracha.
Nenhum policial morreu nas manifestações, mas a instituição contabiliza cerca de 1,6 mil agentes feridos. A Procuradoria informou que até 31 de outubro foram abertas cerca de 1.089 investigações penais em todo país, por denúncias de violência institucional, entre elas, 24 por supostas torturas e nove por denúncias de abuso sexual ou estupro.