O ex-presidente da Bolívia, Evo Morales, asilado no México, disse que está "convencido" de que em 4 de novembro sofreu um atentado fracassado, quando o helicóptero em que viajava apresentou um problema mecânico e fez um pouso de emergência.
— Surpreendentemente, o helicóptero baixou. Eu ainda estava pensando que era por um problema, mas agora estou convencido de que foi um ataque — disse Morales, em entrevista realizada pelo presidente equatoriano Rafael Correa para a rede de televisão russa RT e transmitida nesta sexta-feira (22).
Evo Morales acusou o comandante geral da força aérea, o general Jorge Gonzalo Terceros Lara, de estar por trás dessa tentativa de assassinato:
— Terceiros cometeram este atentado (...) Porque nos últimos dias esse general já mudou.
Em 4 de novembro, a força aérea da Bolívia informou que o helicóptero que levava o então presidente boliviano fez um pousou de emergência por causa de "uma falha mecânica no motor de cauda durante a decolagem".
Morales disse naquele dia que o incidente, após a inauguração de uma estrada ao sul de La Paz, seria "devidamente investigado".
O ex-ministro do Governo Hugo Moldiz afirmou que havia sido um "atentado criminoso".
— Viajo muito de helicóptero todos os dias. Dos nove departamentos que a Bolívia possui, meu recorde é de cinco departamentos (em um dia). Viagens de helicóptero, avião, helicóptero, avião. Com ventania, chuva, às vezes nebulosidade. Desta vez (havia apenas) um pouco de garoa. Isso me surpreendeu — disse Morales em sua entrevista com Correa.
O ex-presidente boliviano lembrou que no dia do incidente o líder de direita Luis Fernando Camacho, um dos arquitetos de sua saída do governo, adiantou o fim da era de Morales a seus seguidores.
— Naquele dia, Camacho disse: "Na segunda-feira, vão ver como Evo vai cair, vamos mostrar em vídeo". E à noite, depois que sua vida foi salva, ele não mostrou nada. Ele queria mostrar como o helicóptero Evo caiu e como Evo morreu — disse Morales.
A Bolívia atravessa uma grave crise desde as eleições de 20 de outubro, nas quais Morales, no poder desde 2006, aspirava ser reeleito. A oposição denunciou fraudes e as Forças Armadas retiraram seu apoio ao então chefe de Estado, que renunciou e deixou o país. Até o momento, a violência causou 32 mortes.