Confrontos envolvendo manifestantes, forças de segurança e milícias deixaram ao menos 69 mortos e centenas de feridos no Iraque, sob protestos desde sexta-feira (25).
Os iraquianos protestam contra a corrupção e exigem empregos e serviços públicos de qualidade em um país rico em petróleo, mas no qual faltam eletricidade e água potável para todos. Esta é a segunda onda de protestos violentos no país neste mês. Uma série de choques entre manifestantes e forças de segurança, ocorrida há duas semanas, deixou 157 mortos e mais de 6 mil feridos.
Com o intuito de conter a violência, o premiê, Adel Abdul-Mahdi, ordenou, no sábado (26), que membros do Serviço de Contra-Terrorismo (CTS, na sigla em inglês) ocupassem as ruas da capital, Bagdá, e da cidade de Nasiriya, no sul do país.
Segundo fontes ouvidas pela agência de notícias Reuters, eles receberam autorização para usar quaisquer medidas necessárias para acabar com as manifestações. No sábado, a mobilização se voltou contra dezenas de sedes de partidos, escritórios de deputados e, especialmente, os locais de encontro do grupo armado Hachd al-Shaabi, uma coalizão de paramilitares dominada por milícias xiitas pró-iranianas e aliadas do governo no Iraque.
Neste domingo (27), milhares de manifestantes ocupavam a praça Tahrir, no centro da capital iraquiana, desafiando as forças policiais. Ao longo dos três dias de protestos, quatro pessoas morreram em Bagdá após serem atingidas na cabeça por bombas de gás lacrimogêneo disparadas por forças de segurança.
Outras quatro também morreram em Nasiriya depois que um grupo tentou invadir a casa de uma autoridade local, segundo a versão da polícia.
Os tumultos interromperam quase dois anos de relativa estabilidade no Iraque, palco da invasão norte-americana, de uma guerra civil e de uma insurgência do Estado Islâmico entre 2003 e 2017.
Trata-se do maior desafio de Abdul-Mahdi desde que ele assumiu o posto, há um ano. Apesar de prometer reformas e promover mudanças no seu gabinete de governo, ele ainda tem dificuldades de responder os pedidos dos manifestantes.