O furacão Dorian não saiu das Bahamas nesta segunda-feira (2), prolongando a agonia da população com enchentes e fortes ventos que arrasam as comunidades do arquipélago. Enquanto isso, os Estados Unidos (EUA) ordenaram a saída dos moradores ao longo da sua costa antes da chegada da tempestade. As primeiras informações sobre a passagem da tempestade pelo arquipélago apontam que uma pessoa morreu e que os trabalhos de resgate já começaram.
"O governo das Bahamas confirma uma morte nas ilhas Ábaco e continua a coletar informações, enquanto os esforços de resgate começam em locais que já são seguros", escreveu o Ministério do Turismo e Aviação em um comunicado.
O furacão enfraqueceu um pouco nesta segunda-feira e passou para a categoria 4, mas, segundo as autoridades meteorológicas dos EUA, continua a representar uma séria ameaça.
O primeiro-ministro das Bahamas, Hubert Minnis, disse que o furacão causou uma "devastação sem precedentes" nas Ilhas Ábaco, que no domingo receberam o pior impacto da tormenta. Neste final de semana, o furacão Dorian se tornou a tempestade mais poderosa que já atingiu o arquipélago, com ventos que chegaram a 295 km/h.
"Nosso foco neste momento é de resgate, recuperação e oração", informou Minnis através do Twitter.
Nesta segunda-feira, o Dorian estava se movendo para oeste a uma velocidade de 2 km/h, estabelecendo-se por uma hora na ilha de Grand Bahama, com ventos de 250 km/h. O medo tomou conta dos moradores de Freeport quando os ventos rasgaram as cortinas e a água começou a invadir as casas, disse Yasmin Rigby, contatada através de mensagem de texto na principal cidade de Gran Bahama.
— As pessoas que pensavam que estavam seguras agora estão pedindo ajuda — disse Rigby. — O marido da minha melhor amiga está preso no telhado de sua casa com dois metros de água embaixo — escreveu.
Segundo uma estimativa inicial da Cruz Vermelha, cerca de 13 mil casas poderiam ter sido danificadas ou destruídas durante a passagem do Dorian nas Bahamas.
"Saiam agora"
Imagens divulgadas nas redes sociais mostram um enorme rastro de destruição. Um vídeo mostra a água na altura dos telhados de casas de madeira, com barcos quebrados flutuando em uma água terrosa, cheia de tábuas, galhos e troncos de árvores, além de outros escombros.
O Centro Nacional de Furacões (NHC), com sede em Miami, prevê uma elevação do nível do mar entre 5 e 7 metros na Gran Bahama, além de grandes ondas, enquanto o nível da água deve baixar lentamente em Ábaco.
"Nesta rota, o centro do furacão extremamente perigoso Dorian continuará atingindo a ilha de Gran Bahama durante grande parte desta noite", diz o boletim emitido pelo centro às 9h de Brasília.
"O furacão se moverá perigosamente perto da costa leste da Flórida de hoje à noite até quarta-feira", segundo o NHC.
Os governos da Flórida, Geórgia e Carolina do Sul ordenaram a saída de centenas de milhares de residentes da costa a partir do início da tarde desta segunda.
"Se você estiver em uma área de evacuação, saia AGORA. Podemos reconstruir sua casa. Não podemos reconstruir sua vida", publicou no Twitter o senador e ex-governador da Flórida Rick Scott.
"Minha vida é mais importante"
Joe Lewis, um veterano da Marinha e morador da Flórida, verificava o aparelho de ar-condicionado de seu trailer em Jensen Park, uma das várias áreas da costa que estavam quase vazias, antes de deixar a sua casa.
— Não importa se eu tenho uma casa de um milhão de dólares. Vou embora. Minha vida é mais importante — disse, enquanto se preparava para se juntar a outros moradores da Flórida que escapavam da tempestade.
Na região vizinha de Santa Lucia, Dan Peatle, de 78 anos, informou que havia acabado de deixar o retiro de idosos onde vive para buscar abrigo em um hotel.
— Me deixa doente. Não gosto — afirmou à AFP enquanto tomava um pouco de ar antes da chegada da tormenta.
— Passei por sete ou oito (furacões) desde que cheguei à Flórida, em 1973. E são todos iguais, você sabe. Destrói tudo, depois tudo é consertado de novo — disse. —Escolhi viver aqui, e posso muito bem viver com isso — acrescentou.
A Flórida emitiu suas primeiras ordens de evacuação obrigatória para Palm Beach, onde estão localizados o clube de golfe do presidente Donald Trump e o condado de Martin. Na Carolina do Sul, o governador Henry McMaster decretou a retirada obrigatória da costa, afetando cerca de 800 mil pessoas, enquanto a Geórgia decidiu a pela saída dos moradores de seis condados.