Às vésperas da Assembleia Geral da ONU, o diplomata Ronaldo Costa Filho, indicado pelo presidente Jair Bolsonaro para comandar a missão do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), foi aprovado pelo plenário do Senado nesta quarta-feira (18). A votação em plenário, assim como a na Comissão de Relações Exteriores (CRE), foi secreta.
Ele não é considerado claramente vinculado a Bolsonaro, e sua chegada não deve causar mal-estar entre diplomatas que representam o Brasil na ONU.
O jornal Folha de S.Paulo mostrou no início do mês que o governo Jair Bolsonaro queria tirar o diplomata Mauro Vieira do comando da missão do Brasil na ONU antes da viagem que fará para participar da Assembleia Geral do órgão.
Vieira foi ministro das Relações Exteriores no segundo mandato de Dilma Rousseff, e sua presença durante a passagem do presidente brasileiro por Nova York — prevista para ocorrer entre 22 e 25 de setembro — é considerada incômoda por integrantes do Planalto.
O chefe da missão em Nova York trata de assuntos ligados principalmente a paz, segurança, desenvolvimento sustentável e direitos humanos.
Para a abertura da Assembleia Geral, a expectativa é de que Bolsonaro faça um discurso que se descole desses temas e reforce a marca ideológica de seu governo.
O presidente deve usar parte da fala para ecoar a ideia de que a Amazônia é um território brasileiro e que nenhuma intervenção será tolerada. No início do ano, o Itamaraty já havia decidido transferir Mauro Vieira para a embaixada na Croácia, mas a indicação não fora oficializada. Com a proximidade da viagem, o governo acelerou o processo.
Em sua sabatina na CRE, ele disse que as críticas de países europeus às queimadas na Amazônia foram motivadas por interesses econômicos.
O embaixador afirmou que as queimadas não estão fora do padrão, acontecem também na África e na Sibéria, e que, por sua experiência como negociador-chefe do acordo entre Mercosul e União Europeia, as manifestações de países como a França são por causa da concorrência econômica com o Brasil.
O diplomata disse que as denúncias na área ambiental por parte dos europeus sempre existiram, mas que agora, por ter se transformado numa discussão entre dos presidentes — o do Brasil, Jair Bolsonaro, e o da França, Emmanuel Macron —, o debate tomou outra proporção.
Costa Filho disse que o papel da diplomacia agora é contribuir para serenar os ânimos.