O deputado Eduardo Bolsonaro (PSL-SP), que preside a Comissão de Relações Exteriores e Defesa Nacional da Câmara dos Deputados, disse nesta sexta-feira (16) que uma possível vitória da chapa de Alberto Fernández e Cristina Kirchner na eleição argentina não será empecilho para que o Mercosul feche o acordo bilateral com a União Europeia (UE).
— Acredito que esse acordo é bom para a Argentina, que não está em um posto onde pode negociar muita coisa. Querem gerar empregos, estão comemorando esse acordo. Tenho esperança de que se eles ganharem (Fernández-Kirchner), e eu acho que o (Mauricio) Macri vai ganhar, mas se a chapa da Cristina Kirchner ganhar, que eles venham a fazer o contrário do que estão falando neste momento. Não acredito que a Argentina vai ser um problema para isso — falou o filho do presidente da República em evento no Palácio Piratini, em Porto Alegre.
Eduardo disse ainda que, caso a Argentina insista em uma "política antiquada, protecionista", caberá ao Brasil "usar instrumentos de pressão" para fazer o governo argentino assinar o acordo Mercosul-UE. Ele não deu detalhes de que maneira poderia pressionar os argentinos. Logo depois, durante coletiva de imprensa, afirmou aos jornalistas que o governo vizinho pode apenas assinar o acordo, sem precisar colocar em prática o plano:
— Se a Argentina não assinar o acordo, o que a gente prevê que seja feito entre o final do ano e o começo do ano que vem, se tiver uma nova gestão que não deseja assinar o acordo, acredito que o Brasil pode conversar e mostrar o quanto o acordo é bom para que eles assinem. Assinado o acordo, se a Argentina quiser, não produz efeitos.
Nesta sexta-feira (16), o presidente Jair Bolsonaro concordou com uma declaração do ministro da Economia, Paulo Guedes, de que caso o candidato da oposição, Alberto Fernández, vença as eleições presidenciais na Argentina e apresente resistência à abertura econômica do Mercosul, o Brasil deixará o bloco.
Fernández, que tem como vice a ex-presidente Cristina Kirchner, recebeu 47% dos votos nas primárias realizadas no último domingo. O atual presidente, Mauricio Macri, ficou com 32%.
Além de Eduardo Bolsonaro, o governador Eduardo Leite, o secretário do Desenvolvimento Econômico, Ruy Irigaray, e o presidente do BNDES, Gustavo Montezano, falaram sobre os impactos do acordo entre os dois blocos a produtores de vinho nesta tarde, no principal salão do Palácio Piratini. Representantes do setor vitivinícola criticaram as diretrizes do plano para os vinhos gaúchos, que segundo eles, saem em desvantagem em relação ao produto europeu e de demais países da América Latina.
— O acordo traz algumas dúvidas para o setor. Acredito na qualidade do vinho brasileiro e acho que o vinho nacional tem tudo pra bater de frente com o europeu. O governo vai fazer a parte dele — garantiu.
Como presidente da Comissão de Relações Exteriores da Câmara, Eduardo deverá pautar o acordo bilateral assim que o governo federal encaminhar o tema ao Congresso.