O Fundo Monetário Internacional (FMI) afirmou nesta quarta-feira (28) que se reuniu com integrantes do governo e da oposição na Argentina e ainda está analisando o impacto do pedido de renegociação de prazos da dívida feito pelas autoridades daquele país.
Em comunicado, o órgão disse entender que o governo Mauricio Macri tomou "medidas importantes" para atender às necessidades de liquidez e salvaguardar as reservas. Acrescentou que vai permanecer ao lado do país "durante esses tempos difíceis", mas não deu nenhuma resposta definitiva ao pedido do governo argentino.
"Com relação à operação da dívida anunciada hoje pelas autoridades argentinas, a equipe do FMI está analisando e avaliando seu impacto. A equipe entende que as autoridades tomaram essas medidas importantes para atender às necessidades de liquidez e salvaguardar as reservas", afirma a nota.
Segundo Gerry Rice, porta-voz do FMI, uma equipe liderada por Roberto Cardarelli está retornando a Washington nesta quarta após conversas com o ministro da Fazenda argentino, Hernán Lacunza, o presidente do Banco Central daquele país, Guido Sandleris, e também com o candidato de oposição a, Alberto Fernández, e seus auxiliares.
"A equipe permanecerá em contato próximo com as autoridades no período que se aproxima e o Fundo continuará em pé de igualdade com a Argentina durante esses tempos difíceis."
Mais cedo, o ministro da Fazenda da Argentina, Hernán Lacunza, afirmou que o país pediu ao FMI a revisão dos vencimentos de sua dívida de até US$ 56 bilhões, que começam a valer em 2021.
O objetivo, segundo o governo argentino, é aliviar a atual turbulência no mercado cambial. Em recessão econômica e com índices de inflação elevados, o país recorreu ao FMI para o empréstimo de mais de US$ 50 bilhões.
— Argentina propôs (ao FMI) iniciar o diálogo para reperfilar os vencimentos da dívida — disse Lacunza durante coletiva de imprensa na qual anunciou também outras iniciativas para postergar o pagamento de bônus aos investidores institucionais.
Segundo ele, as conversas podem começar no mandato do atual presidente, Mauricio Macri, mas terminariam "inexoravelmente" no próximo governo, que começa em 10 de dezembro.
As eleições na Argentinas estão marcadas para outubro e a oposição a Macri, com a chapa de Alberto Fernández, que tem a ex-presidente Cristina Kirchner como vice, é favorita.
Essa perspectiva não agrada aos investidores do mercado financeiro, que acreditam que a oposição é menos comprometida com as reformas e abertura econômica.
O ministro argentino disse ainda que não prevê negociar mudanças nos débitos ou juros a serem pagos, mas apenas estender os prazos para que o próximo governo "possa implantar sua política sem condicionamentos financeiros."