O presidente da Argentina, Mauricio Macri, anunciou nesta quarta-feira (14) um pacote de novas medidas econômicas. O anúncio ocorre três dias após o revés que o mandatário, que busca a reeleição em 27 de outubro, sofreu nas primárias de domingo (11) — quando ficou 15 pontos atrás do candidato opositor, Alberto Fernández.
Entre as medidas está o congelamento do preço do combustível por 90 dias (o primeiro turno das eleições será em 73 dias), um aumento de 25% do salário mínimo (atualmente é de US$ 225, ou cerca de R$ 902) e aumento de 40% para os que recebem a bolsa "progresar" (progredir), voltada a estudantes, e para os que recebem a Asignación Universal por Hijo (uma espécie de bolsa-família criada durante o kirchnerismo).
Ainda sem dar detalhes, Macri disse que, nos próximos dias, haverá anúncios de quanto será a redução de impostos para a população de baixa renda e sobre um plano para ajudar as pequenas e médias empresas que consistiria em reduzir suas obrigações junto à Afip (receita federal).
— São medidas que trarão alívio para 17 milhões de trabalhadores e suas famílias — disse Macri em uma mensagem gravada antes da abertura dos mercados.
O anúncio foi feito pelo presidente após ele fazer uma mea culpa pelo tom adotado na última segunda-feira (12), um dia depois da derrota nas primárias. Com outro semblante e sem mostrar a irritação daquele dia, disse com firmeza e tranquilidade que queria "pedir desculpas pelas expressões" que usou na ocasião.
Macri foi muito criticado por analistas e nas redes sociais por tentar assustar as pessoas com a ameaça kirchnerista e por sugerir que a culpa de que o dólar e as ações argentinas se descontrolassem era dos eleitores que votaram em Alberto Fernández.
— Quero que saibam que respeito profundamente a decisão dos argentinos (…) Tive dúvidas de convocar a coletiva de segunda porque ainda estava muito impactado pelo resultado da eleição, estava sem dormir e estava triste. Mas volto aqui hoje para que tenham certeza de que eu os entendi — disse.
A vitória da oposição nas primárias fez a Bolsa de Buenos Aires despencar 37% na segunda e o peso argentino se desvalorizar 17%. Na terça-feira (13), a Bolsa se recuperou um pouco e subiu 10,76%, mas o peso voltou a perder valor. O dólar subiu 5% e atingiu nova máxima, de 55,65 pesos argentinos.
Nesta quarta, após o anúncio de Macri, a moeda argentina abriu em queda de 12,3%, a 61 pesos por dólar.
Eleições na Argentina
As chamadas "Paso" (primárias abertas, simultâneas e obrigatórias) foram criadas em 2009, com a intenção de diminuir o número de candidaturas que concorriam na eleição.
As chapas que obtêm menos de 1,5% dos votos nessa etapa não podem concorrer no primeiro turno, marcado para 27 de outubro. Já o segundo turno, se necessário, será em 24 de novembro.
As primárias funcionam, assim, como uma prévia, mostrando quanto de apoio cada candidato tem. Caso os números se repitam na eleição de fato, no fim de outubro, Fernández seria eleito em primeiro turno — para isso, ele precisa ter mais de 45% dos votos ou mais de 40% e no mínimo 10 pontos percentuais de vantagem para o segundo colocado.