Mariana Gómez, 26 anos, foi condenada, nesta sexta-feira (28), a um ano de prisão em suspenso por "resistência à autoridade". Ela confrontou um policial após beijar sua mulher em uma estação de metrô na Argentina. Ela vai recorrer da decisão, que considera arbitrária e preconceituosa.
— É a forma como o Estado quer nos doutrinar — garantiu Mariana ao Canal C5N, ainda indignada com a condenação.
Ela foi condenada por "resistência à autoridade" após reagir à ação de um agente policial em um local público onde, pouco antes, tinha beijado sua esposa, Rocío Girat, na frente dele.
O fato ocorreu em 2 de outubro de 2017, em frente à estação Constitución do metrô de Buenos Aires, e tem versões divergentes. De acordo com Mariana e sua esposa, elas estavam se protegendo da chuva e fumando na frente da estação quando foram abordadas por um funcionário do metrô.
Elas reagiram, afirmando que outros casais estavam fazendo a mesma coisa, e que impedir elas de fumar seria um ato preconceituoso, pois o incômodo seria, na realidade, porque elas estavam se beijando. O funcionário, então, chamou um policial, que reiterou o pedido para que ela parasse de fumar. A partir daí, elas argumentam que o policial apalpou os seios de Mariana, que reagiu. Depois da reação, ela foi detida.
No julgamento, as forças de segurança apresentaram uma outra versão. Segundo a polícia, Mariana Gómez, enquanto estava sendo detida, puxou o cabelo de uma policial mulher e arrancou parte dele. Gómez admitiu que fez isso, mas para não cair no chão, enquanto seu braço estava sendo torcido.
Movimentos de defesa dos direitos LGBT classificaram o acontecimento como "lesbofóbico".
— O que aconteceu é um chute nos nossos direitos — afirmou Rocío.
O advogado de Mariana, Lisandro Teszkiewicz, negou que ela tenha resistido à autoridade e afirmou que a mulher "foi alvo de humilhações e vexações". Ele adiantou que vai recorrer, se for necessário, à Suprema Corte e à Corte Interamericana de Direitos Humanos.
— Não convalidaremos o retrocesso de direitos na Argentina.