O primeiro-ministro de Israel, Benjamin Netanyahu, ordenou que as Forças Armadas continuem seus "ataques em massa" contra alvos do Hamas e da Jihad Islâmica na Faixa de Gaza, em uma escalada que deixou 12 palestinos e três israelenses mortos em pouco mais de 24 horas. O bombardeio é uma resposta ao lançamento de 600 foguetes disparados de Gaza contra o território israelense desde sábado (4).
— Eu instruí o Exército a continuar seus ataques em massa contra elementos terroristas da Faixa de Gaza, e ordenei reforços com tanques, artilharia e tropas — disse Netanyahu no começo do conselho semanal de ministros.
Pouco antes deste ataque, a polícia israelense relatou a morte de três pessoas na cidade de Ashkelon, vítimas de um foguete lançado da Faixa de Gaza.
Um comandante do movimento islamita Hamas, que governa a Faixa de Gaza, foi morto em um ataque israelense. Hamad al Jodori, 34 anos, era comandante do braço armado do Hamas, informou o movimento. A morte foi confirmada também pelo exército israelense.
Entre os mortos contabilizados pelas autoridades de Gaza está a de um bebê e sua mãe, mas os israelenses acusaram o Hamas por essas duas mortes. O Ministério da Saúde de Gaza havia dito no sábado que a palestina Abu Arar, 37 anos, e sua filha de 14 meses foram mortas em um bombardeio israelense.
— Essa morte infeliz não foi resultado de armamento (israelense), mas de um foguete do Hamas que explodiu onde não deveria — declarou Jonathan Conricus, porta-voz do Exército israelense, falando aos jornalistas.
Os foguetes palestinos disparados no sábado representam o maior ataque palestino contra Israel em um único dia nos últimos anos. O exército israelense declarou que seus tanques e aviões atingiram cerca de 220 alvos militares em Gaza.
Os palestinos dispararam contra locais no sul e no centro de Israel. Várias dezenas de mísseis foram interceptados pela defesa antimísseis, disseram as Forças Armadas de Israel, e uma grande parte deles atingiu áreas desabitadas.
A Turquia, por sua vez, falou de "agressividade sem limites", após o ataque israelense a um prédio de vários andares em Gaza que, segundo moradores e Ancara, abrigava a redação da agência de notícias estatal turca Anadolu.
Segundo a Anadolu, a equipe da agência evacuou o prédio pouco antes do ataque, que foi precedido por uma advertência. Neste contexto, Israel anunciou o fechamento dos pontos de passagem da fronteira de Gaza e o fechamento das áreas pesca na costa do território.
Mediação do Egito
Segundo uma fonte da Jihad Islâmica, o Egito, que atua como intermediário entre o Hamas e Israel, tenta mediar para reduzir a tensão.
Em Bruxelas, a União Europeia pediu o "cessar imediato" dos disparos.
O enviado da ONU encarregado do conflito israelense-palestino, Nickolay Mladenov, pediu "a todas as partes que acalmem a situação e retornem ao entendimento dos últimos meses".
Por sua vez, os Estados Unidos disseram que apóiam o "direito" de Israel à "legítima defesa".
Israel e Hamas entraram em confronto em três guerras desde 2008. No final de março, por patrocínio do Egito e da ONU, um cessar-fogo foi negociado, anunciado pelo Hamas, mas nunca confirmado por Israel.
Isso permitiu manter relativa calma durante as eleições legislativas israelenses de 9 de abril. Mas a situação se degradou durante esta semana. Os disparos palestinos foram retomados, assim como as represálias israelenses.
Três fatores poderiam levar Israel a acalmar a situação: as negociações em curso para formar uma coalizão governamental após a vitória de Netanyahu nas eleições, o concurso de música Eurovision planejado para Tel Aviv em meados de maio e as comemorações para a criação da Estado de Israel na quinta-feira.
Desde março de 2018, os palestinos protestam na fronteira entre a Faixa de Gaza e Israel contra o bloqueio do enclave e o retorno de refugiados que foram expulsos ou tiveram que deixar suas terras após a criação de Israel em 1948.
Pelo menos 271 palestinos foram mortos desde o início da mobilização, em manifestações ou em ataques israelenses em retaliação. Do lado israelense, dois soldados morreram.
Os organizadores das manifestações e do Hamas asseguram que o movimento da "Grande Marcha de Retorno" é independente. Israel, por outro lado, acusa o Hamas de orquestrar essas manifestações.