A radiotelevisão pública da Noruega, NRK, informou que representantes do governo e da oposição da Venezuela realizam nesta semana "negociações de paz" em Oslo, capital do país. De acordo com o veículo de comunicação, é a segunda vez que acontece um encontro do tipo entre o governo de Nicolás Maduro e a oposição de Juan Guaidó na cidade.
— Não podemos confirmar nem desmentir o envolvimento norueguês em processos de paz, ou iniciativas de diálogo — disse Ane Haavardsdatter Lunde, porta-voz da Noruega.
Também segundo a NRK, as negociações acontecem há "vários dias" em um lugar secreto e terminam nesta quinta-feira (16).
Vários veículos de comunicação latino-americanos, como o jornal ALnavío, disseram que estas negociações se dão após o fracasso da rebelião de um reduzido grupo de militares em 30 de abril, liderada por Guaidó.
Ainda não se sabe nenhuma informação sobre o alcance e o resultado das negociações de Oslo.
Diferentes jornais apontam que, do lado do governo, participam das discussões o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, e o governador do estado de Miranda, Héctor Rodríguez. A oposição está representada pelo ex-deputado Gerardo Blyde, o ex-ministro Fernando Martínez Mottola e o vice-presidente da Assembleia Nacional, Stalin González.
Otimismo prudente
Várias declarações tendem a confirmar que essas negociações estejam, de fato, acontecendo.
— Jorge Rodríguez não está na Venezuela neste momento (...) Jorge Rodríguez está cumprindo uma missão no exterior, muito importante — declarou o presidente Maduro nesta quarta-feira (15).
O líder opositor Juan Guaidó, no entanto, negou nesta quinta que esteja negociando com o governo de Maduro, mas indicou que o que há "é um esforço da Noruega para uma mediação", que foi sugerida há meses.
A ministra norueguesa das Relações Exteriores, Ine Eriksen Søreide, afirmou em janeiro que seu país estava "disposto a contribuir sempre e desde quando as partes desejarem".
As informações sobre as negociações foram recebidas com prudência pelos especialistas noruegueses em questões sul-americanas.
— É perigoso lhes conceder muita importância — disse Benedicte Bull, professora da Universidade de Oslo. — É muito positivo que as duas partes discutam, mas é importante não alimentar esperanças excessivas — ressaltou.
— Houve discussões formais em três ocasiões no passado, e fracassaram rapidamente. Dito isso, a situação é verdadeiramente crítica, e é importante que se faça algo — acrescentou a professora.
O professor da Universidade de Bergen, Leiv Marsteintredet, também se mostrou prudente.
— Estamos em uma etapa precoce, e acho que é muito pouco realista esperar resultados rápidos. Mas, que as duas partes queiram falar, é uma mudança recente que pode justificar um otimismo prudente — afirmou Marsteintredet.