O Partido Conservador da primeira-ministra Theresa May sofreu uma grande derrota nesta sexta-feira (3) nas eleições municipais, especialmente pela frustração dos eleitores com a paralisação do Brexit. Os conservadores perderam 1.305 vereadores e o controle de quase 40 governos municipais, segundo resultados quase definitivos das eleições.
— Este é um momento difícil para o nosso partido e os resultados das eleições são um sintoma disso — admitiu May durante uma reunião de sua formação no País de Gales, depois que um dos presentes pediu que ela se demitisse.
O processo eleitoral renova quase nove mil cadeiras em 250 assembleias locais na Inglaterra, principalmente em zonas rurais, e na Irlanda do Norte.
O desapontamento com a suspensão do acordo que pretende separar o Reino Unido da União Europeia (UE) também cobrou seu preço entre a oposição trabalhista, que não conseguiu se beneficiar da fragilidade do partido da primeira-ministra. Ao fim da contagem de votos, o grupo acabou perdendo 80 vereadores.
— Houve uma mensagem simples nas eleições de ontem, tanto para nós quanto para o Partido Trabalhista: é preciso que vocês executem o Brexit — afirmou May.
— É claro que queríamos fazer melhor — disse o líder do Partido Trabalhista, Jeremy Corbyn, acrescentando "sentir muito" pelas perdas sofridas entre suas fileiras. Corbyn atribuiu o mau resultado "parcialmente a fatores locais" e "parcialmente a pessoas que provavelmente não concordavam com a atitude de ambas as partes em relação à UE":
— A mensagem chave dos eleitores aos conservadores e aos trabalhistas foi: que uma praga arrase suas duas casas — disse.
Os principais beneficiados nas eleições municipais foram os candidatos independentes e os pequenos partidos, como o Liberal-Democrata, que segundo a apuração parcial ganhou 680 vereadores e o controle de cerca de 12 governos municipais.
A formação de centro e anti-Brexit volta, assim, a obter resultados positivos depois de ter sido castigada nas urnas nos últimos anos por sua participação, como sócio minoritário, no governo do conservador David Cameron de 2010 a 2015.
— A ascensão do Partido Liberal-Democrata é um trampolim para as eleições europeias de 23 de maio — comemorou seu líder, Vince Cable.
O Reino Unido deveria abandonar a UE em 29 de março. No entanto, a firme rejeição do Parlamento britânico ao acordo de divórcio negociado por May com os 27 sócios europeus em novembro obrigou a primeira-ministra a pedir dois adiamentos ao bloco, o segundo até 31 de outubro.