O presidente russo, Vladimir Putin, e o líder norte-coreano, Kim Jong Un, se encontraram nesta quinta-feira (25), em Vladivostok, para a primeira cúpula entre os dois líderes. O encontro é a primeira reunião de Kim com um chefe de Estado desde que esteve no Vietnã, em fevereiro, onde celebrou uma fracassada segunda cúpula com o presidente americano, Donald Trump.
— Obrigado por vir — disse Putin ao apertar a mão de Kim na cidade universitária da ilha de Russki, em Vladivostok, enfeitada com bandeiras russas e norte-coreanas.
— Estou certo de que sua visita hoje à Rússia nos ajudará a compreender melhor de que maneira podemos resolver a situação na península coreana e o que a Rússia pode fazer para apoiar as tendências positivas que ocorrem atualmente — declarou Putin.
Kim manifestou sua crença "de que este encontro será muito útil para desenvolver os históricos laços entre nossos países, que têm uma longa amizade, e tornar nossa relação mais estável e sólida". O presidente norte-coreano se declarou aberto a "um diálogo significativo" sobre a situação da península coreana, e cumprimentou Putin por "construir uma Rússia forte".
Kim busca o apoio da Rússia para reduzir as sanções impostas a Pyongyang por seu programa nuclear, enquanto Putin quer situar a Rússia como um ator-chave em uma questão de relevância mundial.
Ao entrar no território russo nesta quarta-feira (24), Kim disse esperar que a visita "seja um êxito e que eu possa, nas conversas com o presidente Putin, falar de maneira concreta sobre a solução na península coreana e o desenvolvimento de nossas relações bilaterais".
Segundo Yuri Ushakov, assessor da presidência russa para Relações Internacionais, "a reunião se concentrará na resolução político-diplomática da questão nuclear na península coreana", e a Rússia "tem a intenção de apoiar de todas as formas possíveis as tendências positivas neste âmbito".
Ushakov disse que não estão previstas a divulgação de um comunicado conjunto nem a assinatura de acordos. A Rússia mantém relações amistosas com Pyongyang e fornece ajuda alimentar à Coreia do Norte.
Diálogo
Na quarta-feira, o porta-voz do Kremlin, Dmitry Peskov, afirmou que os diálogos sobre o programa nuclear norte-coreano iniciados em 2003 com a participação das duas Coreias, China, Japão, Rússia e Estados Unidos, continuam a ser a melhor opção para encontrar soluções. Ainda assim, segundo ele, outras opções merecem ser exploradas.
— Atualmente, não existe nenhum outro mecanismo internacional efetivo — declarou Peskov aos jornalistas. — Por outro lado (...) todos os esforços merecem apoio se realmente perseguirem o objetivo da desnuclearização e resolver os problemas das duas Coreias — completou.
Após um ano de 2018 marcado por uma grande aproximação entre as duas Coreias e de uma primeira e histórica reunião entre Kim Jong Un e Donald Trump, a distensão parece ter desaparecido, sobretudo após o fracasso do encontro em Hanói.
Kim se reuniu quatro vezes com o presidente chinês, Xi Jinping, três vezes com o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, e uma vez com o presidente do Vietnã desde março de 2018. Os analistas consideram que agora está buscando um apoio internacional maior ante a disputa com Washington.
Moscou defende um diálogo com Pyongyang baseado em um plano definido pela China e a Rússia. O país já pediu o alívio das sanções internacionais contra a Coreia do Norte, enquanto o governo dos Estados Unidos acusa Moscou de tentar ajudar Pyongyang a evitar algumas medidas.