Cerca de 45 mil pessoas, segundo a polícia, convocadas pela direita e pela extrema direita, foram às ruas de Madri neste domingo (10) contra o presidente da Espanha, o socialista Pedro Sánchez (PSOE), acusado de "trair" o país por dialogar com os separatistas da Catalunha. Segundo os organizadores, foram mais de 200 mil.
Em meio a um mar de bandeiras espanholas e algumas da União Europeia (UE), os manifestantes se reuniram na praça de Colón e arredores para exigir que Sánchez convoque eleições legislativas antecipadas, sem esperar o fim da legislatura, em meados de 2020.
— O tempo do governo Sánchez já passou — disse Pablo Casado, líder do PP, em uma concentração marcada por gritos de "Sánchez renúncia".
Organizada pelo Partido Popular e pelos liberais do Cidadãos, a concentração foi apoiada pelo Vox, de extrema direita. O ato acontece a dois dias do início, em Madri, do esperado julgamento de 12 líderes separatistas catalães pela frustrada tentativa de secessão da Catalunha em 2017.
Também participaram do ato o peruano Nobel de Literatura, Mario Vargas Llosa, e Manuel Valls, ex-primeiro-ministro francês e candidato à prefeitura de Barcelona.
O presidente do Cidadãos, Albert Rivera, afirmou que os manifestantes diziam "'não' ao separatismo e 'sim' para a Espanha". O líder do Vox, Santiago Abascal, denunciou "a traição de um governo ilegítimo e um governo mentiroso, apoiado pelos inimigos da Espanha".
Em Santander, no norte da Espanha, onde participa de um evento de seu partido, o presidente Pedro Sánchez declarou que as três direitas "lideram o confronto" e "chamam isso de patriotismo", quando, na realidade, é "deslealdade". Ele negou ceder ao separatismo catalão:
— O governo da Espanha trabalha pela unidade da Espanha — acrescentou.
Os três partidos da direita e da extrema-direita espanhola se rebelaram contra o presidente Sánchez ao saberem que ele propôs nomear um relator independente para organizar e coordenar um futuro diálogo entre partidos políticos na Catalunha. A Presidência defende a ideia como parte de seu esforço para acabar com a grave crise política aberta pelo movimento soberanista nessa região.
A oposição de direita interpretou a proposta como uma concessão inaceitável. Acusam Sánchez de ceder à "chantagem" dos separatistas. A crítica é delicada: o presidente Sánchez precisa do apoio da direita para aprovar nesta semana os orçamentos do Estado para 2019.
Segundo pesquisas, PP, Cidadãos e Vox podem formar maioria em nível nacional. Isso aconteceu na Andaluzia recentemente, uma região até então governada pelo socialismo.
Se o orçamento não for aprovado, Sánchez pode se ver obrigado a convocar eleições antes do fim do mandato. Essa mudança se somaria a um calendário eleitoral já muito carregado. Em 26 de maio, estão previstas eleições municipais, regionais e europeias na Espanha.