O primeiro caminhão de ajuda humanitária do Brasil para a Venezuela já chegou em Pacaraima (Roraima), na fronteira entre os dois países. Pelo menos mais um está a caminho.
São caminhões de pequeno porte, pois o governo tem dificuldade de alugar os veículos. O Brasil pretende utilizar caminhões com placas da Venezuela e motoristas venezuelanos, pois isso facilitaria a passagem na fronteira. O exército de Nicolás Maduro, entretanto, barrou caminhões do lado venezuelano.
Também há caminhoneiros brasileiros detidos no posto de fronteira. Ao menos 17 estão parados, sem acesso a comida e medicamentos. Letícia Padovezi, amazonense de Manaus, entrou na Venezuela com o marido para descarregar açúcar, mas o casal ficou retido. Ela fugiu pelo mato para retornar ao Brasil:
— Quando chegou na fronteira, não permitiram que a gente passasse. Agora fizeram uma barreira bem do lado do nosso caminhão. Estão passando privações, não tem água, comida medicação. Ontem eu fugi pela montanha para chegar aqui.
Com o auxílio do governo dos Estados Unidos, o governo brasileiro transportou 200 toneladas de alimentos e medicamentos até Boa Vista, capital de Roraima. São 6 mil kits de medicamentos, com antibióticos, antitérmicos e analgésicos, entre outros. Na carga de alimentos, há produtos como arroz, feijão, açúcar, sal. O Brasil reuniu 200 toneladas de alimentos para enviar ao país vizinho.
Em entrevista na manhã deste sábado (23), em Pacaraima, o ministro brasileiro das Relações Exteriores, Ernesto Araújo, disse que o governo não acredita que haverá conflitos do lado brasileiro.
— Toda a parte de ingresso da ajuda humanitária ficará a cargo do governo legítimo da Venezuela. Temos expectativa de que as forças que controlam a fronteira permitam a passagem. É dever político de obediência ao dever constitucional de seu país - disse Araújo, em referência ao autodeclarado presidente Juan Guaidó, que é reconhecido como autoridade máxima da Venezuela pelo Itamaraty.