Em meio aos conflitos na Venezuela, mais quatro militares da Guarda Nacional Bolivariana deram entrada em Pacaraima (RR), na fronteira do país com o Brasil. Ao todo, já são sete pedidos de refúgio na base militar brasileira nos últimos dias.
Os três últimos militares chegaram na noite de domingo (24) à cidade roraimense, mas o Exército do Brasil só confirmou a informação nesta segunda-feira (25).
No sábado, três sargentos que trabalhavam perto do posto de fronteira já haviam desertado. Em entrevista, eles afirmaram que tomaram a decisão por discordarem das ações do governo de Nicolás Maduro.
— Não é fácil ter esta coragem. (…) Deixamos tudo, a casa, os filhos, tudo que tem mais valor na nossa vida. Tenho medo, mas Deus é grande e poderoso. Uma hora isso vai acabar — afirmou um dos desertores, Jean Carlos Cesar Parra.
Em entrevista em frente à base militar do Brasil, os desertores criticaram o “ditador e opressor Maduro”. Justificaram que a deserção ocorreu por discordarem das ações do regime, que, segundo eles, tem gerado “miséria e mortes” na Venezuela.
— Somos os verdadeiros garantidores da segurança pública, não somos opressores. Estamos aqui porque nos unimos às pessoas, não somos animais de trabalho deles (do governo) — afirmou o sargento Moreno Peñaloza.
Os militares disseram que pretendem deixar o Brasil e ir até Cúcuta, na Colômbia, onde estão outros desertores.
— Vamos a Boa Vista (capital de Roraima) e queremos o apoio do presidente Juan Guaidó para chegar a Cúcuta e nos reunir com os companheiros — afirmou Sanguino Escalante.
Questionado se estaria disposto a pegar em armas contra o regime de Maduro, Escalante admitiu que “sim”.
Os desertores estavam acompanhados da deputada venezuelana Yuretzi Idrogo, opositora de Maduro, que está no Brasil. Ela admitiu que já fazia contato com os militares que desertaram antes de eles deixarem o país, mas negou que esteja participando de articulação para levá-los à Colômbia.