Os Estados Unidos propuseram ao Conselho de Segurança das Nações Unidas um projeto de resolução sobre a Venezuela, pedindo a facilitação da entrega de ajuda humanitária internacional e que se comprometa com novas eleições presidenciais, informaram fontes diplomáticas. O texto contou com a oposição da Rússia.
O projeto americano expressa o "pleno apoio" do Conselho de Segurança à Assembleia Nacional venezuelana, a "única instituição democraticamente eleita na Venezuela".
Apontando uma "profunda preocupação diante da violência e do uso excessivo da força por parte das forças de segurança venezuelanas contra manifestantes pacíficos não armados", o texto pede ainda um "processo político que conduza a eleições presidenciais livres, justas e confiáveis".
O projeto de resolução solicita também ao secretário-geral da ONU, Antonio Guterres, que "utilize seus bons ofícios" para conseguir esse processo eleitoral, e insiste na necessidade de evitar uma "deterioração extra" da situação humanitária e "facilitar o acesso e a entrega de ajuda a quem precisar".
Washington não divulgou nenhuma data para votar o texto e, segundo um diplomata, as negociações continuam. Outras fontes diplomáticas indicaram ainda que, se forem convocadas eleições, a Rússia, que apoia Nicolás Maduro e acusa os Estados Unidos de apoiarem um "golpe de Estado" na Venezuela, usará seu direito de veto.
Moscou propôs texto alternativo
Na sexta-feira (8), Moscou propôs a seus 14 sócios no órgão um "texto alternativo" ao de Washington, relataram diplomatas. O texto russo expressa "a preocupação" do Conselho diante "das ameaças de recorrer à força contra a integridade territorial e a independência política da Venezuela". Critica também "as tentações de intervir em temas que constituem principalmente assuntos internos" do país.
O rascunho russo pede "um acerto da situação atual (...) através de meios pacíficos". Também manifesta seu apoio a "todas as iniciativas dirigidas a encontrar uma solução política entre os venezuelanos, incluindo o Mecanismo de Montevidéu", tendo o diálogo nacional como base.
Segundo um diplomata, em caso de votação, o texto russo não conseguirá o número suficiente de votos - nove, sem que nenhum país use seu poder de veto - para ser aprovado.
Um carregamento de remédios e alimentos enviados por Washington chegou na quinta-feira à cidade colombiana de Cúcuta, na fronteira com a Venezuela. Lá foi instalado um centro de coleta perto da ponte internacional Las Tienditas, bloqueada pelos militares venezuelanos com dois contêineres e um caminhão-tanque.