Donald Trump defenderá nesta terça-feira seu polêmico projeto de construir um muro na fronteira com o México, no 18º dia de um "shutdown" que mantém a administração federal paralisada parcialmente.
Imerso em uma queda de braço imprevisível com os democratas, o presidente americano apresenta há vários dias um panorama sombrio de uma "crise de segurança nacional" na fronteira com o México diante do fluxo de imigrantes, enquanto seus opositores denunciam uma péssima manobra política para cumprir uma promessa de campanha.
Esta primeira intervenção presidencial solene, a partir do Salão Oval, a primeira desde sua chegada ao poder, ocorrerá às 21H00 local (24H00 Brasília), e será retransmitida ao vivo pelas redes de TV dos EUA.
A questão central é se Trump recorrerá a lei de emergência para ignorar o Congresso e iniciar, com o apoio das Forças Armadas, a construção do muro.
"É uma possibilidade", declarou na manhã desta terça-feira o vice-presidente Mike Pence à rede NBC. "Precisamos de novos recursos e temos que construir o muro".
Há vários precedentes, mas envolvendo temas menos polêmicos: George W. Bush após os atentados de 11 de setembro de 2001 para aumentar os recursos das Forças Armadas além do orçamento, e Barack Obama durante a epidemia de gripe H1N1 para suspender algumas disposições do sigilo médico.
Tal iniciativa, implementada através da Ata Nacional de Emergências, poderia ser imediatamente impugnada na Justiça e a oposição democrata, que agora controla a Câmara de Representantes, já revelou que fará de tudo para bloquear a medida no Congresso.
A paralisação da máquina federal afeta cerca de 800 mil funcionários federais, que estão em casa sem remuneração a espera de uma decisão.
Trump exige uma verba de 5 bilhões de dólares no orçamento para levantar um muro na fronteira com o México, algo que os democratas rejeitam e qualificam de "imoral", caro e ineficaz.
Diante da jogada de marketing de Trump, os democratas solicitaram à mídia que também possam se dirigir ao país sobre a polêmica.
"Agora que as redes de televisão decidiram divulgar o discurso do presidente (...) os democratas merecem imediatamente um tempo de palavra equivalente", escreveram Nancy Pelosi e Chuck Schumer, os líderes democratas do Congresso.
Desta forma, poderão falar logo após o discurso de Trump.
- "Não há crise ou invasão" -
"Não há crise, não há invasão, não existe um risco identificado, como o presidente quer que os americanos acreditem para que tenham medo", assinalou o legislador democrata Steny Hoyer.
As negociações realizadas no final de semana por Pence não avançaram. "Não se obteve qualquer progresso. Neste momento, não há previsto qualquer encontro com este grupo", resumiu um dirigente democrata no domingo.
Trump deve viajar na quinta-feira à fronteira com o México "para se encontrar com os que estão na linha de frente".
Construir um muro ao longo dos 3.200 km da fronteira entre Estados Unidos e México foi uma das principais promessas de campanha de Trump, que vincula a imigração ilegal ao crime organizado, drogas e até à violência sexual.
"Temos que construir o muro, é a segurança do nosso país (...). Não temos outra opção", declarou Trump no domingo.
* AFP