O presidente do Congresso venezuelano, Juan Guaidó, anunciou que vai assumir a presidência do país, não reconhecendo o novo mandato de Nicolás Maduro, que tomou posse na quinta-feira (10). Guaidó afirmou que vai comandar a Venezuela com o apoio da população e do Exército para "convocar uma processo de eleições livres e transparentes que facilitem uma transição pacífica e democrática no país". Guaidó afirma que a decisão segue a Constituição do país:
"Assumindo o dever imposto por nossa constituição em seu artigo 333, que obriga todo venezuelano, com ou sem autoridade, a lutar para restaurar a ordem constitucional. Segundo o presidente da Assembleia Nacional, o único poder eleito e legítimo para representar o povo venezuelano, me atenho à Constituição e os artigos 233, 333 e 350, que me dá a legitimidade para o exercício da Presidência da República para realizar eleições livres e convocar o povo, as Forças Armadas e a comunidade internacional para torná-lo uma realidade. Precisamos da força de todos para que possamos conseguir o fim da usurpação e eleições livres", escreveu o parlamentar.
Guaidó pediu apoio da população e da comunidade internacional para assumir o comando do Executivo da Venezuela. Ele convocou o povo venezuelano para uma "grande mobilização nacional", que será realizada no dia 23 de janeiro em todo o país.
A Organização dos Estados Americanos (OEA) aprovou, na quinta (10), uma resolução para declarar ilegítimo o segundo mandato de Maduro. A resolução, aprovada por 19 votos a favor, seis contra, oito abstenções e uma ausência, declara a "ilegitimidade do novo mandato de Nicolás Maduro que se iniciou em 10 de janeiro".
A medida é um chamado à "realização de novas eleições presidenciais com todas as garantias necessárias para um processo livre, justo, transparente e legítimo", estipula a resolução. Entre os países que votaram a favor estão Argentina, Estados Unidos, Colômbia, Chile, Equador, Canadá e Brasil. Venezuela, Nicarágua, Bolívia e alguns países caribenhos votaram contra, e entre os países que se abstiveram, o México.
Crise humanitária
Sucessor de Hugo Chávez — morto em 2013 — Maduro chega ao segundo mandato em meio a uma forte crise econômica e humanitária, com registros de hiperinflação e desabastecimento de alimentos e combustíveis. Milhões de venezuelanos têm seguido para os países vizinhos, fugindo do desemprego e da fome.
Maduro foi eleito em maio do ano passado, com 67% dos votos válidos, mas o pleito foi marcado por denúncias de fraude e por uma abstenção de 54%.
O presidente venezuelano rebate as acusações, dizendo que as disposições constitucionais foram cumpridas e que seu mandato é legítimo.
— Estou de pé para democraticamente tomar as rédeas de nosso país em direção a um destino melhor — afirmou. — Aqui estou, assumindo a Presidência da República para o segundo período, por ordem do povo.