O Ministério das Relações Exteriores do Brasil (Itamaraty) divulgou, no início da noite desta quinta-feira (10), nota afirmando que o Brasil considera o presidente reeleito da Venezuela Nicolás Maduro "ilegítimo" para exercer o seu mandato, e que a Assembleia Nacional do país deverá assumir o poder da chefia de Estado.
"Tendo em vista que nesta data, 10 de janeiro de 2019, Nicolás Maduro não atendeu às exortações do Grupo de Lima, formuladas na Declaração de 4 de janeiro, e iniciou novo mandato presidencial ilegítimo, o Brasil reafirma seu pleno apoio à Assembleia Nacional, órgão constitucional democraticamente eleito, ao qual neste momento incumbe a autoridade executiva na Venezuela, de acordo com o Tribunal Supremo de Justiça legítimo daquele país. O Brasil confirma seu compromisso de continuar trabalhando para a restauração da democracia e do estado de direito na Venezuela, e seguirá coordenando-se com todos os atores comprometidos com a liberdade do povo venezuelano", afirma a nota do ministério.
Mais cedo, o Paraguai rompeu relações diplomáticas com a Venezuela, e a Organização dos Estados Americanos (OEA) também afirmou a ilegitimidade de Maduro na ocupação do cargo.
Ao tomar posse para um segundo mandato de seis anos, Maduro desafiou os Estados Unidos e grande parte da comunidade internacional, que ameaça aumentar a pressão sobre um governo considerado por muitos países ilegítimo. Ao receber a faixa presidencial do presidente da Suprema Corte de Justiça, Maduro acusou a oposição ao seu governo de influenciar a "direita latino-americana" e citou nominalmente o presidente Jair Bolsonaro, a quem classificou de "fascista".
— Vamos ver o caso do Brasil e o surgimento de um fascista como o presidente Jair Bolsonaro — declarou, ao denunciar o que chamou de onda de "intolerância" entre os governos de direita que se impuseram na América Latina.
Maduro, que em várias ocasiões denunciou os planos de Washington de derrubá-lo ou mesmo de assassiná-lo, disse que os Estados Unidos estão promovendo uma "guerra mundial" contra a Venezuela com o apoio de governos aliados no hemisfério.