Em março deste ano, a princesa de Dubai Latifa Maktoum, 33 anos, embarcou no iate de um ex-espião francês, Hervé Jaubert, em uma tentativa frustrada de fuga. Desde então ela nunca mais foi vista. Latifa é filha do líder de Dubai e primeiro-ministro dos Emirados Árabes Unidos, xeique Mohammed Rashid al-Maktoum.
Os Emirados Árabes Unidos se apresentam como uma das sociedades mais liberais para as mulheres no Oriente Médio, na qual podem desfrutar de liberdades e luxos do Ocidente. Mas, assim como a Arábia Saudita, o país também é regido pela sharia, a lei islâmica. Nesse contexto, Latifa disse, em vídeo publicado no YouTube, que tentava "reivindicar minha vida e minha liberdade", por isso fugiu.
— Não posso dirigir, não posso viajar, não saio (de Dubai) desde 2000, não deixam. Pedi para estudar (fora), e me negaram — declarou.
— Meu pai tem essa imagem de ser (um homem) moderno. É mentira. É só marketing — afirmou a princesa no vídeo.
Segundo a BBC News, que fez um documentários sobre o mistério envolvendo o sumiço da princesa, a gravação foi feita por Latifa antes da tentativa de fuga e enviada para amigos divulgarem se algo ocorresse a ela.
Devido à falta de informações sobre o estado de saúde e a localização da jovem, a organização de defesa dos direitos humanos Human Rights Watch (HRW) considera a princesa vítima de "desaparecimento forçado". Amigos da princesa contaram à Agência Reuters que não a veem ou conversam com ela há mais de dois meses.
Mohammed bin Rashid Al Maktoum e o governo de Dubai não comentaram as acusações feitas no documentário da BBC — que também aborda a tentativa de fuga da irmã de Latifa, a Shamsa, em 2000, que não deu certo. Porém, emitiram um comunicado dizendo que "Latifa e Shamsa são adoradas e valorizadas por sua família, e Latifa está agora segura em Dubai".