O presidente americano, Donald Trump, anunciou, nesta quarta-feira (7), por meio de um tuíte, a saída do procurador-geral, Jeff Sessions, do governo. A medida lança dúvidas em relação ao futuro da investigação sobre a suposta aliança do ocupante da Casa Branca com a Rússia nas eleições de 2016.
Sessions informou ter apresentado sua demissão a pedido do presidente. "A seu pedido, apresento minha renúncia", escreveu o demissionário em carta dirigida a Trump. Ele será substituído temporariamente pelo chefe de seu gabinete, Matthew Whitaker.
Há meses Trump tinha uma relação tensa com Sessions, a quem recriminava por ter se abstido de supervisionar a investigação conduzida pelo procurador especial, Robert Mueller. Ex-chefe do FBI (a polícia federal americana), Mueller recebeu no ano passado a incumbência de investigar se a campanha eleitoral de Trump fez conluio com os esforços russos para afetar sua oponente, a democrata Hillary Clinton.
A investigação de Mueller foi ampliada para examinar possíveis tentativas por parte do próprio Trump de obstruir a investigação, o que, se for provado, poderia levar a um julgamento político do presidente.
Em 2 de março de 2017, Sessions anunciou oficialmente que não supervisionaria ou participaria da investigação sobre a Rússia, causando mal-estar com Trump. Sessions tomou essa decisão porque havia trabalhado na campanha do presidente e porque teve contatos com o embaixador da Rússia nessa época.
Filho de Selma
Jefferson Beauregard Sessions III herdou o nome do pai e do avô, que por sua vez o recebeu de Jefferson Davis, presidente dos estados confederados sulistas durante a Guerra da Secessão.
O secretário demissionário nasceu em Selma, cidade conhecida pela violenta repressão policial a militantes dos direitos civis, que se manifestavam pacificamente em 1965.
Seus críticos asseguram que este ex-escoteiro formado em Direito pela Universidade do Alabama continua assumindo esta herança racista e o criticam por ser favorável à pena de morte e se opor ao aborto.
Declarações polêmicas feitas nos anos 1980 o perseguem até hoje: era procurador do Estado do Alabama quando disse a um advogado branco que estava "envergonhando sua raça" por aceitar defender negros.
É acusado também de ter se dirigido a um promotor negro, chamando-o de "boy", um termo de forte conotação racista nos Estados Unidos.
Em 1986, quando o Senado examinava sua candidatura a um cargo de juiz federal, esse fato veio à tona. Ele desmentiu na época ter usado a palavra "boy" e disse que comentários que fez parecendo desculpar a Ku Klux Klan eram humorísticos. Sua indicação acabou rejeitada pela Casa.
Isso não impediu que Sessions fosse eleito e reeleito senador com base em um programa claramente conservador, no qual destacava sua firmeza na guerra contra as drogas.