O submarino argentino ARA San Juan, desaparecido no Atlântico Sul, com 44 tripulantes a bordo, foi localizado no fundo do mar, na sexta-feira (16), após um ano e um dia de seu último contato, com sinais de ter implodido. O navio estava a 907 metros de profundidade e a 500 km da costa da Argentina, no Golfo San Jorge, na área onde foi perdido há 366 dias.
A busca
O último contato com o submarino ARA San Juan ocorreu em 15 de novembro de 2017, quando navegava no Golfo de São Jorge, a 450 km da costa. Ele voltava de Ushuaia, no extremo sul da Argentina, e se dirigia para Mar del Plata.
As buscas começaram 48 horas depois, dificultadas por tempestades, fortes ventos e ondas de até 12 metros de altura no oceano. Após 15 dias, a Marinha terminou a busca por sobreviventes, um duro golpe para os familiares, que esperavam resgatá-los com vida. Um total de 13 países participou da operação, com aeronaves, navios e 4 mil homens. Sem resultados, a maioria deixou a tarefa nos últimos dias de 2017.
A pressão dos familiares, que realizaram um protesto permanecendo 54 dias na Plaza de Mayo, em Buenos Aires, levou à contratação da empresa americana Ocean Infinity, que possui alta tecnologia para rastreamento.
A Argentina prometeu pagar um prêmio de US$ 7 milhões em caso de sucesso, que será somado aos 920 milhões de pesos (US$ 25,5 milhões) já investidos, segundo o Ministério da Defesa.
A embarcação Ocean Infinity navegou no dia último 7 de setembro com quatro membros das famílias a bordo como observadores. Dois meses depois e sem novidades, anunciou a suspensão da busca até dezembro.
No entanto, a juíza Marta Yañez, encarregada da investigação, ordenou verificar uma área mais remota onde os sonaristas detectaram ruídos semelhantes a golpes na estrutura, que parentes associaram a um pedido de ajuda. Nessa rota, o submarino foi localizado.
Implosão
"Tendo investigado o ponto de interesse no. 24 relatado pela Ocean Infinity, através da observação feita com um ROV de 800 metros de profundidade, identificação positiva foi dada a #AraSanJuan", diz a mensagem da Marinha, referindo-se à empresa que estava buscando o submarino há meses.
O submarino estava a 91,2 km ao norte de onde fez sua última comunicação e 41 km de onde detectou uma "anomalia hidroacústica consistente com uma explosão". Agora sabe-se que o submarino sofreu uma implosão.
— Parece completo, mas obviamente implodiu — disse Gabriel Attis, chefe da Base Naval. O capacete está amassado para dentro. A implosão ocorre quando a pressão do mar excede a da atmosfera do submarino — explicou a Marinha.
No dia do acidente, uma explosão foi registrada três horas depois da última comunicação com o submarino, quando o capitão do submarino, comandante fragata Pedro Martin Fernández, reportou a superação de uma falha no sistema de baterias devido à entrada de água pelo snorkel. A tragédia motivou a destituição do comandante da Marinha, Marcelo Srur.
Um submarino deste tipo é geralmente equipado com quatro baterias de 50 toneladas cada. Eles contêm chumbo e ácido sulfúrico.
Fabricado na Alemanha
O navio, construído pela fábrica alemã Thyssen Krupp, foi lançado em 1983. Entrou em serviço em 1985 na Marinha da Argentina. Com 66 metros de comprimento, foi equipado com torpedos e foi relançado em junho de 2014 a partir do estaleiro Tandanor, em Buenos Aires, após oito anos de importantes operações de manutenção.
Para a Marinha argentina, estava "totalmente operacional". Foi usado principalmente para exercícios de vigilância e missões para reforçar as regulamentações de pesca na Argentina no Atlântico Sul, onde muitos navios estrangeiros se aventuram ilegalmente. A Argentina tem dois outros submarinos: o San Luis, em reparo, e o Salta, atracado na base de Mar del Plata.