Será que a "onda democrática" vai prevalecer? O suspense continua nos Estados Unidos, onde o republicano Donald Trump ainda pode evitar o voto de punição nas eleições de meio mandato na próxima terça-feira (6), uma vez que seus adversários não estabeleceram ainda uma ampla vantagem às véspera da votação.
Os republicanos dominam a política em Washington desde 2016: além do magnata na Casa Branca, eles têm uma maioria confortável na Câmara de Representantes e uma pequena vantagem no Senado (51 cadeiras contra 49).
Tudo pode mudar no dia 6 de novembro, quando os 435 assentos da Câmara e um terço do Senado (35 dos 100) estarão em jogo, além de muitas eleições locais.
Após várias manifestações e discursos indignados desde a surpreendente vitória de Donald Trump, esta será a primeira oportunidade para os americanos indignados votarem contra a política do bilionário.
Mas também para todos aqueles que se alegram, satisfeitos com o bom andamento da economia e o pleno emprego, independente de incidentes como os pacotes-bombas e o massacre na sinagoga da Pensilvânia.
"Parece cada vez menos provável que os democratas conquistem o Senado", ressalta David Lublin, professor da American University de Washington.
Se os republicanos conservarem a câmara alta, um procedimento de impeachment contra Donald Trump será - a menos que haja um grande escândalo - condenado ao fracasso, porque é essa assembleia que tem a última palavra.
O presidente também poderá continuar a aprovar suas nomeações, incluindo para a toda-poderosa Suprema Corte, que decide sobre as questões mais importantes da sociedade americana.
"Os democratas estão contando com muitas oportunidades para recuperar a Câmara, mas menos no Senado", diz Kyle Kondik, especialista em política americana na Universidade da Virgínia.
Desde o início da campanha, "a Câmara e o Senado parecem se dirigir a resultados diferentes, o que complica a ideia de uma 'onda azul'", segundo ele.
Se conseguirem recuperar o controle da Câmara, os deputados vão poder lançar investigações parlamentares contra a administração Trump, bloquear leis e o voto do orçamento. O que paralisaria Washington.
Eleitores democratas mais urbanos
Com uma avalanche de candidatos democratas, incluindo um número histórico de mulheres, previsões altas de participação e milhões de dólares em financiamento, o entusiasmo levou a crer que a oposição tinha tudo para, pelo menos, recuperar a Câmara.
Neste verão, os democratas chegaram até a sonhar que seu carismático candidato Beto O'Rourke poderá roubar o assento do senador Ted Cruz em um Texas muito republicano.
Mas o ímpeto diminuiu nas últimas semanas, particularmente desde o acrimonioso processo de confirmação do juiz conservador Brett Kavanaugh à Suprema Corte.
O pêndulo está a favor dos democratas. Primeira ocasião para um voto de sanção, estas eleições de meio mandato são tradicionalmente desfavoráveis ao partido do presidente americano. E Donald Trump é particularmente impopular nas pesquisas de opinião.
Na Câmara, os democratas devem conquistar 23 cadeiras se quiserem recuperar a maioria. E isso continua muito provável. O site FiveThirtyEight, uma referência em previsões eleitorais, dá a eles cinco chances de seis, faltando duas semanas e meia para a votação.
Para o Senado, os democratas enfrentam, por coincidência do calendário eleitoral, uma situação muito mais difícil: devem defender 26 dos 35 assentos em jogo, vários em estados que votaram em Donald Trump em 2016.
FiveThirtyEight dá a eles apenas uma chance em cinco. E os republicanos poderiam até fortalecer sua maioria.
Mesmo que os democratas estejam a caminho de ganhar votos, especialmente nos subúrbios residenciais, onde mais eleitores centristas vacilam pelos excessos da Casa Branca, eles estão em desvantagem.
Os eleitores democratas "estão muito concentrados em cidades e áreas urbanas", enquanto "os republicanos estão distribuídos de maneira mais uniforme", diz Lublin.
No entanto, as corridas ao Senado mais apertadas são disputadas principalmente em estados rurais.
Republicanos revigorados
Sinal do desafio, Donald Trump têm participado de vários comícios em estados-chave.
Advertindo contra os "democratas radicais", a imigração e economia: o presidente americano martela sua mensagem de campanha diante de torcedores galvanizados.
Sem dúvida: mesmo que seu nome não apareça nas urnas, estará no centro da eleição de 6 de novembro.
"E quando o dia da eleição chegar, os americanos se lembrarão de Kavanaugh", disse nesta quinta-feira em Montana, quando a mobilização dos republicanos foi revigorada pela confirmação do juiz conservador à Suprema Corte no início de outubro, apesar de acusações de agressão sexual.
* AFP