Voluntários indonésios cavavam nesta segunda-feira (1º) uma fossa comum para enterrar as centenas de vítimas do terremoto e do tsunami que atingiram a ilha Célebes, ao mesmo tempo que as equipes de emergência tentavam encontrar sobreviventes nos escombros. Diante da magnitude da catástrofe, que deixou pelo menos 830 mortos, o governo da Indonésia pediu ajuda internacional.
O balanço de vítimas é superior ao do terremoto que afetou a ilha indonésia de Lombok em agosto, que deixou mais de 500 mortos. As autoridades temem um número muito maior de mortos, pois grande parte da região afetada permanece inacessível.
Dezenas de agências humanitárias e ONGs ofereceram ajuda ao país, mas o envio de material à região é muito complicado: estradas estão bloqueadas e os aeroportos, muito danificados.
— Não temos muita comida. Só conseguimos pegar o que estava em casa. E precisamos de água potável — disse Samsinar Zaid Moga, uma moradora de 46 anos de Palu.
A ONG Oxfam prevê o envio de ajuda a, potencialmente, 100 mil pessoas, com alimentos instantâneos, equipamentos de purificação de água e barracas, anunciou Ancilla Bere, diretora da organização na Indonésia.
— Mas o aceso é um grande problema — destacou o diretor do programa Save The Children, Tom Howells.
— As organizações de ajuda e as autoridades locais se esforçam para chegar a várias comunidades ao redor de Donggala, onde acreditamos que há grandes danos materiais e a possível perda de vidas humanas em grande escala — explicou.
A maior parte das vítimas foi registrada em Palu, cidade de 350 mil habitantes na costa oeste da ilha Célebes, segundo a Agência de Gestão de Desastres. Mas as autoridades e diversas ONGs também estão preocupadas com a situação na região de Donggala, mais ao norte.
Busca de sobreviventes
Em um cenário de devastação, as equipes de resgate lutam contra o tempo para encontrar sobreviventes e retirá-los dos escombros. Nesta segunda, as equipes trabalhavam entre os destroços do hotel Roa Roa, onde as autoridades acreditam que entre 50 e 60 pessoas podem ter sido sepultadas.
Até o momento, duas pessoas foram resgatadas com vida no local, segundo uma fonte oficial. Muitos moradores procuram os parentes desaparecidos nos hospitais ou necrotérios improvisados. Nos fundos de um hospital, dezenas de corpos foram posicionados e cobertos com lonas, enquanto os feridos esperavam por atendimento do outro lado do edifício.
Para evitar os riscos à saúde, as autoridades querem organizar enterros em massa e ordenaram a escavação de uma grande fossa comum. Fontes do governo local informaram que 1,2 mil detentos escaparam de três prisões da região, uma delas em Palu e outra em Donggala.
Carros amassados, edifícios reduzidos a escombros, árvores no chão e postes de energia elétrica derrubados demonstram a violência do terremoto, de 7,5 graus e que teve seu epicentro a centenas de quilômetros de Palu e provocou uma onda gigante. As autoridades anunciaram que 71 estrangeiros estavam em Palu no momento do terremoto, a maioria deles já localizados e em processo de retorno a seus países.
A Indonésia, um arquipélago de 17 mil ilhas, fica no Anel de Fogo do Pacífico e é um dos países do mundo mais propensos a sofrer desastres naturais.