A Câmara dos Deputados da Argentina aprovou nesta quinta-feira (25), em primeira votação, o orçamento para 2019 – que inclui cortes importantes nos gastos públicos para alcançar a meta de déficit fiscal estabelecida em acordo com o Fundo Monetário Internacional (FMI).
A agitada sessão de mais de 14 horas terminou com uma votação de 138 deputados a favor, 103 contra e oito abstenções, anunciou o presidente da Câmara, Emilio Monzo. O projeto passará agora ao Senado para a aprovação definitiva.
— Estamos em uma crise e o governo deve assumir a responsabilidade. O estresse social e a recessão nos obrigam a sancionar a lei. Não ter orçamento seria uma derrota para o país — disse o deputado governista Mario Negri no discurso de encerramento da sessão.
O orçamento para o último ano de governo do presidente Mauricio Macri contempla um corte de gastos de quase 400 bilhões de pesos (quase 10 bilhões de dólares) em praticamente todas as áreas, com o objetivo de reduzir a zero o déficit fiscal primário, que fechou 2017 em 3,9% do PIB.
A meta é parte do acordo concluído com o FMI, que assegura um auxílio financeiro para a Argentina de 57,1 bilhões de dólares até o primeiro trimestre de 2020.
O país enfrenta uma crise econômica que provocou desvalorização da moeda de 50% no decorrer do ano, assim como uma inflação projetada de mais de 40% para o fim de 2018 e uma queda da atividade econômica de 2,6%.
Protestos
Enquanto o Congresso debatia o orçamento de 2019, em torno do prédio manifestantes enfrentaram a polícia em protesto contra o rigor fiscal exigido pelo FMI.
— Não ao orçamento do FMI. Não cortem o nosso futuro — gritaram os manifestantes, que entraram em confronto com a polícia de choque em torno do Congresso.
Os policiais utilizaram balas de borracha, jatos d'água e gás lacrimogêneo para reprimir os manifestantes, que recuaram para as ruas adjacentes.
A procuradoria divulgou uma lista de 26 detidos, entre eles dois venezuelanos e um turco, além de três feridos leves. Entre os detidos estão quatro integrantes da organização política e social La Garganta Poderosa, um câmera e trabalhadores de empresas estatais em conflito.
Segundo o líder sindical Roberto Baradel, os detidos "foram caçados" quando se afastavam do protesto, há várias quadras do Congresso.
— Ele (Mauricio Macri) é o responsável, porque o povo tem prudência, paciência, mas não é manso, vai para a rua lutar por seus direitos. Ele é o responsável por colocar em risco a governabilidade de que tanto fala — disse Juan Carlos Alderete, da Corrente Classista Combativa.