O presidente da Argentina, Mauricio Macri, passou todo o fim de semana reunido com sua equipe na Quinta de Olivos, a residência oficial da Presidência, para fazer a reestruturação do governo e preparar o pacote de novas medidas que será anunciado nesta segunda-feira (3).
Do lado econômico, o pacote incluirá um forte ajuste fiscal. Cogita-se também a manutenção do imposto sobre exportações agrícolas. As tarifas haviam sido implementadas pela ex-presidente Cristina Kirchner e o fim delas foi uma das primeiras medidas anunciadas por Macri quando ele chegou à Casa Rosada, em dezembro de 2015, apoiado pelo setor agrícola.
Para produtos como milho e trigo, a taxação já foi extinta. Para a soja, vinha sendo retirada gradualmente.
Entre as propostas políticas debatidas no fim de semana, está a eliminação de 10 a 13 de ministérios. A intenção é cortar o orçamento para 2019, reduzindo o déficit fiscal. Hoje, o governo Macri tem 19 pastas. Deve ocorrer a conversão dos ministérios de Ciência e Tecnologia, Cultura, Energia, Agroindústria, Saúde, Turismo, Meio Ambiente, Trabalho e Modernização em secretarias de outras pastas.
Dois dos três principais assessores de Macri também deverão cair: o secretário de coordenação interministerial, Mario Quintana, e o secretário de coordenação de políticas públicas, Gustavo Lopetegui. Os dois, ao lado do chefe de gabinete, Marcos Peña, já haviam sido chamados por Macri de "seus olhos, ouvidos e inteligência".
Crise
Com altos déficits fiscal e de conta corrente, a Argentina é um dos países mais afetados pela valorização do dólar no mercado internacional. O movimento já obrigou Macri a pedir um socorro de US$ 50 bilhões ao Fundo Monetário Internacional (FMI) e a trocar parte de sua equipe econômica - anteriormente, caíram o presidente do Banco Central e o ministro da Produção. O Banco Central também acabou elevando sua taxa básica de juros de 27,5% para 60%, a maior do mundo.
Na quarta-feira passada (29), a situação financeira do país se agravou após o presidente anunciar que havia pedido antecipação da ajuda do FMI. O anúncio foi feito sem detalhamento e acabou mal recebido pelo mercado, o que gerou uma nova corrida contra a moeda argentina.