Em meio à dor e ao luto nacional pelos 224 mortos do naufrágio de uma balsa no lago Vitória, a Tanzânia realizou neste domingo (23) "funerais nacionais" pelas vítimas.
Durante uma cerimônia na ilha de Ukara, na frente da qual a balsa virou, o primeiro-ministro Kassim Majaliwa disse ser "um grande luto para toda nação".
Simbolicamente, uma dúzia de caixões foi colocada em túmulos individuais, especialmente aqueles contendo os corpos que não puderam ser identificados. Os demais foram levados por parentes que desejam realizar funerais mais íntimos, ou que serão enterrados mais tarde.
Majaliwa indicou que um memorial será erguido em Ukara.
As operações de busca dos corpos continuam, assim como os esforços para retirar a balsa da água, disse ele. A embarcação transportava até três vezes a lotação permitida.
Já o ministro dos Transportes, Isack Kamwelwe, declarou que "o essencial foi feito".
O primeiro-ministro comunicou os últimos dados disponíveis: 224 mortos, incluindo 126 mulheres, 71 homens, 17 meninas e 10 meninos e 41 sobreviventes. O excesso de passageiros estaria na origem da tragédia.
"Segundo as primeiras informações, uma das causas do acidente é a sobrecarga", disse.
"O governo tomou algumas medidas e já prendemos todas as pessoas encarregadas da gestão e supervisão do 'MV Nyerere'. [...] Os interrogatórios começaram", continuou ele, acrescentando que vai-se criar "uma Comissão para uma investigação mais exaustiva".
O ministro dos Transportes explicou mais tarde que, "de acordo com as informações que temos agora, esta balsa levava 256 passageiros". A capacidade oficial do transporte era de 101 pessoas.
- Sem experiência -
De acordo com algumas testemunhas e sobreviventes, vários passageiros se moveram em direção à proa ao se aproximarem do cais, um movimento que parece ter desequilibrado o barco. Segundo outros, o capitão, distraído pelo celular, não realizou a manobra de aproximação do píer e, ao tentar resolver o problema, fez uma manobra brutal que causou o naufrágio da balsa.
Na noite de sexta-feira, o presidente da Tanzânia, John Magufuli, revelou que o capitão, ausente, deixou o comando para um subordinado inexperiente.
A sobrecarga de navios é uma causa frequente de catástrofes no maior lago da África, atravessado por barcos antigos, e as autoridades frequentemente prestam pouca atenção à segurança.
Com o passar do tempo, diminui a esperança de encontrar sobreviventes. Ainda assim, mesmo contra todas as probabilidades, no sábado, foi resgatado vivo entre os destroços da balsa seu engenheiro. Ele passou quase dois dias em um compartimento ainda cheio de ar.
* AFP