Após o governo da Venezuela afirmar que Nicolás Maduro sofreu, neste sábado (4), um atentado com drones carregados com explosivos durante ato militar, o presidente venezuelano se manifestou em discurso transmitido por rede de rádio e televisão. Maduro disse que um "artefato voador" explodiu na sua frente.
— Trata-se de um atentado para me matar, tentaram me assassinar no dia de hoje. Não tenho dúvidas de que o nome de Juan Manuel Santos está por trás deste atentado — afirmou Maduro.
Maduro anunciou que várias pessoas relacionadas ao suposto atentado foram detidas. Ele também acredita que os financiadores do ataque estariam nos Estados Unidos, razão pela qual pediu ajuda ao presidente americano.
—Foram capturados parte dos atores materiais dos atentados e já se encontram processados. Não vou me alongar mais, porém a investigação já está muito adiantada —disse o presidente.
—As primeiras investigações nos indicam que vários dos financiadores vivem nos Estados Unidos, no estado da Flórida. Espero que o presidente Donald Trump esteja disposto a combater grupos terroristas — acrescentou Maduro.
Mais cedo, o governo venezuelano informou que sete militares ficaram feridos no atentado, do qual saiu ileso.
— Trata-se de um atentado contra a figura do presidente Nicolás Maduro — disse o ministro da Comunicação, Jorge Rodríguez, após o incidente no qual Maduro aparecia na televisão quando interrompeu repentinamente seu discurso durante ato pelo 81º aniversário da Guarda Nacional venezuelana, em Caracas.
Um repórter da Associated Press afirmou que Bombeiros disseram, em condição de anonimato, que a versão do governo não é verdadeira. Em vez de drones, a explosão teria sido causada por um vazamento de gás em um apartamento próximo. Esta versão, entretanto, não foi confirmada por fontes independentes.
Momentos de tensão
Parte do incidente pôde ser visto pelas imagens da emissora estatal VTV. De pé, Maduro, estava prestes a terminar seu discurso quando ouviu um barulho que chamou sua atenção e ele olhou para o alto, assim como a primeira-dama, Cilia Flores, e o ministro da Defesa, general Vladimir Padrino López.
Antes de o canal interromper a transmissão, viu-se dezenas de militares rompendo fileiras e correndo de forma desordenada. Maduro presidia o ato pelo aniversário da Guarda Nacional, e no momento do incidente, falava sobre sua decisão de regular a venda de gasolina, a mais barata do mundo, em meio à grave crise socioeconômica que castiga o país petroleiro.
Governo culpa a "ultradireita"
O governo atribuiu o ataque à ultradireita, como costuma se referir à oposição.
Estes fatos não "evidenciam senão o desespero que já vinhamos notando em alguns porta-vozes da ultradireita venezuelana", afirmou o ministro da Comunicação, um dos funcionários de maior confiança do presidente socialista.
O presidente da Assembleia Constituinte e número dois do chavismo, Diosdado Cabello, também criticou a oposição, profundamente dividida.
"A direita insiste na violência para tomar espaços que não podem pelo voto, nosso irmão presidente Nicolás Maduro e o alto comando político e militar ilesos depois do atentado terrorista (...) Não vão poder conosco", escreveu Cabello no Twitter.
O presidente, confrontado com uma forte rejeição popular devido à profunda crise econômica, foi reeleito em 20 de maio passado em polêmicas eleições que a oposição decidiu boicotar por considerá-las ilegítimas.
Sua reeleição não foi reconhecida por Estados Unidos, União Europeia e grande parte da comunidade internacional.