Milhares de palestinas manifestaram-se nesta terça-feira (3) ao longo da cerca que separa Gaza do território israelense, a primeira grande mobilização de mulheres desde o começo dos protestos na fronteira há três meses.
Desde o final de março, o enclave palestino é palco de manifestações contra o bloqueio israelense.
Os moradores de Gaza também reivindicam o direito de retorno dos palestinos às terras de que foram expulsos ou que tiveram que deixar durante a guerra resultante da criação do Estado de Israel em 1948.
De ônibus, as mulheres chegaram de todas as partes do enclave palestino, muitas acompanhadas de crianças. Elas se dirigiam em grupos a 50 metros da barreira que separa os territórios, constatou um correspondente da AFP.
Uma parte delas alcançou a cerca, de bandeira palestina nas mãos e keffieh cobrindo seus rostos, antes de retornar.
Dezessete pessoas foram feridas por tiros israelenses, indicou à AFP o porta-voz do Ministério da Saúde de Gaza, Asraf al-Qodra.
"Vim aqui terminar a manifestação que minha filha havia começado", explicou Rim Abou Irmana, agitando uma foto de sua filha de 15 anos, Wasal, morta por tiros disparados do lado de Israel no dia 14 de maio.
"Essas manifestações são pacíficas. Estamos apenas defendendo nossas terras e nossos direitos", acrescentou a mulher de 43 anos, segurando a mão de seu filho mais novo.
Desde o começo das manifestações no dia 30 de março, ao menos 138 palestinos foram mortos por tiros de Israel. Nenhum israelense perdeu a vida.
Os protestos atingiram o ápice em 14 de maio, dia da transferência da embaixada americana de Tel-Aviv à Jerusalém, quando ao menos 62 palestinos foram mortos.
Israel, acusado de uso excessivo da força, afirma que atira como último recurso para proteger suas fronteiras, seus soldados e sua população.
O país acusa o movimento islamita Hamas, que dirige a região de Gaza, de usar os protestos para promover ataques contra soldados e de tentar se infiltrar em território israelense.
Israel e Hamas se enfrentaram em três guerras desde 2008 e mantêm um tenso cessar-fogo após 2014.
* AFP